O escritório do ódio perdeu as eleições de 2022, mas ainda não descansou: todos os dias circulam notícias falsas, frente à notícia de que o Governo vai importar arroz (a licitação ocorre no dia 11-06) de grãos de plástico, montados com chips espiões ou com vermes. A Agência Lupa investigou o caso e concluiu que a notícia é falsa
Pescado no Jornal OExpresso – Circula pelas redes sociais o vídeo de uma mulher incinerando arroz em um fogão. Conforme pegam fogo, os grãos transformam-se em um pó preto. Segundo ela, essa é a prova de que o produto seria, na realidade, de plástico. A legenda da publicação afirma que o arroz foi importado da China. É falso.
Por meio do projeto de verificação de notícias, usuários do Facebook solicitaram que esse material fosse analisado. Confira a seguir o trabalho de verificação da Lupa:
O arroz mostrado no vídeo não é de plástico, nem foi importado da China. Especialistas consultados pela Lupa analisaram o vídeo e explicaram que o processo mostrado nas imagens é o resultado natural da queima da matéria orgânica. Dados do portal de estatísticas de comércio exterior do Brasil, vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, mostram que o Brasil não importou arroz branco — o tipo que aparece na publicação — da China em 2023 e 2024 (janeiro a abril).
O engenheiro agrônomo Nathan Levien Vanier, professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), explicou que o processo mostrado no vídeo é normal e também é visto quando experimentos semelhantes são realizados em laboratório.
“Na análise de minerais totais (cinzas) incineramos toda a matéria orgânica em um cadinho [pote refratário, resistente a temperaturas elevadas], sob altas temperaturas. O aspecto inicial com a queima é como no vídeo. Chamamos tecnicamente de ‘cinza’ [ou resíduo mineral fixo]. Não procede o que a autora do vídeo argumenta”, esclareceu Vanier.
Na mesma linha, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), que também analisou o vídeo, explicou, em nota à Lupa, que o arroz mostrado nas imagens não é artificial. “Se fosse plástico ficaria aderido ao metal do fogão. A queima de matéria orgânica gera esse pó escuro. Chamamos tecnicamente de ‘cinza’”, informou a associação.
De acordo com dados do portal de estatísticas de comércio exterior, em 2023 e 2024 (janeiro a abril) o Brasil chegou a importar arroz com casca, paddy ou em bruto da China, representando respectivamente apenas 0,001% e 0,0049% do total dessas variedades do grão importado nos dois períodos. Essas variações não são vendidas à população, como explicou uma representante da Abia por telefone.
É válido citar que, ao contrário do que é afirmado na legenda de publicações que repostaram o vídeo, em nenhum trecho do registro a mulher informa onde comprou o arroz ou diz que ele seria de alguma marca chinesa. A Lupa tentou entrar em contato com ela, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.
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