Governador de Goiás reforça que desgaste nas eleições municipais sinaliza fim da era extremista e antecipa planos para 2026
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que o recente resultado das eleições municipais revela um enfraquecimento do bolsonarismo e sinaliza o desejo da população por novas lideranças. Em entrevista à Folha de S.Paulo, Caiado destacou que o estilo polarizador e a imposição de candidaturas sem conexão com lideranças locais, características do bolsonarismo, estão “cansando” os brasileiros.
“As pessoas não aguentam mais o radicalismo e querem propostas que realmente correspondam às suas necessidades,” declarou, apontando a derrota de aliados de Bolsonaro como reflexo desse esgotamento.
Caiado, aos 75 anos, reafirmou a intenção de concorrer à presidência em 2026, sustentando que o diálogo e o respeito às lideranças locais são fundamentais para ganhar o apoio popular. Ele criticou a postura de Bolsonaro de lançar candidatos próprios sem articulação com os estados, o que, segundo ele, levou à derrota de bolsonaristas em capitais e grandes cidades, inclusive em Goiânia, onde o candidato apoiado pelo ex-presidente foi derrotado.
“Para vencer, é necessário entender a realidade local e respeitar as escolhas regionais,” argumentou.
“O Brasil quer soluções, não dilemas ideológicos”
Para Caiado, as eleições de 2024 trouxeram uma “lição de humildade” à política brasileira e mostraram que o público está cada vez mais avesso a discursos polarizadores. Em suas palavras, a população exige políticas de emprego, saúde e educação, longe da retórica de “comunistas versus patriotas” promovida pelo bolsonarismo. “Essa narrativa não atrai mais as pessoas, que buscam respostas práticas para o seu dia a dia,” destacou.
Embora seu candidato tenha triunfado, Caiado também enfrentou questionamentos sobre o possível uso do programa estadual Goiás Social para alavancar apoios. Ele rejeitou as acusações, esclarecendo que a distribuição de cestas básicas e o jantar com lideranças políticas, ocorrido após as eleições, fazem parte de uma tradição de seu governo.
“Essas suspeitas são mentirosas. Tenho o costume de reunir apoiadores depois das eleições, é algo que faço sempre,” esclareceu.
Nova rota para a direita e distanciamento de Bolsonaro
Caiado reiterou que sempre defendeu uma relação de diálogo na política e que a imposição de candidaturas bolsonaristas em Goiás sem consulta às lideranças locais foi um dos fatores que minaram o apoio ao ex-presidente no estado. Ele criticou a postura de Bolsonaro de impor candidaturas sem alinhamento com os governadores e as lideranças regionais, o que teria contribuído para a derrota de nomes apoiados por ele.
“Espero que essa derrota sirva como aprendizado para ele e para o PL,” alfinetou.
No entendimento do governador, as eleições recentes demonstraram que o eleitorado brasileiro busca uma direita que dialogue, ao invés de se submeter a lideranças autocráticas. Ele propõe que Bolsonaro adote uma postura mais colaborativa, respeitando as particularidades locais para evitar novos fracassos.
“Liderança requer diálogo, não imposição. O eleitor está cansado de extremismos e quer ações que impactem a sua vida,” afirmou.
Projeto de unificação e estabilidade política
Distanciando-se de posturas personalistas, Caiado afirmou que sua candidatura à presidência será uma alternativa ao extremismo político, com foco em unificar o país. Ele prometeu trabalhar para levar sua experiência de vida pública ao projeto de um Brasil mais coeso e afirmou que se inspirará em líderes históricos que promoveram a paz e o progresso. Perguntado sobre o apoio à anistia a Bolsonaro, Caiado destacou que a democracia requer estabilidade e que a pacificação é essencial para o desenvolvimento do país. Em comparação a Juscelino Kubitschek, ressaltou que priorizará a construção de uma nação sem represálias.
“Assim como Juscelino, precisamos de uma liderança que foque no desenvolvimento e na paz. É isso que o Brasil precisa agora,” concluiu.