
Dados atualizados pelo Inep mostram queda preocupante nos índices da Bahia e desempenho desigual entre os municípios do Oeste; Barreiras perde fôlego rumo à meta nacional de alfabetização até 2030
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A mais recente atualização do Indicador Criança Alfabetizada, atualizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em 11 de julho de 2025, trouxe à tona um retrato inquietante da alfabetização no Brasil — com destaque negativo para a Bahia e, particularmente, para a cidade de Barreiras. Enquanto o país esboça um avanço tímido em direção à meta de alfabetizar 80% das crianças até 2030, o estado segue em trajetória oposta, e alguns municípios do Oeste baiano lutam para reverter quedas acentuadas.
O cenário nacional mostra um crescimento modesto, mas consistente: o percentual de alunos alfabetizados subiu de 56% em 2023 para 59,2% em 2024, quase atingindo a meta prevista para o ano (60%). Já a Bahia não acompanhou essa evolução. Ao contrário, recuou de 36,8% para 35,96% no mesmo período, ficando não apenas abaixo da média nacional, mas também distante da meta estadual para 2024, que era de 43,4%.
A responsabilidade recai sobre os municípios
Apesar de os dados serem consolidados em âmbito federal, a responsabilidade direta pela alfabetização das crianças está majoritariamente nas mãos dos municípios. De acordo com a Constituição Federal e as diretrizes do Plano Nacional de Educação, cabe às prefeituras garantir a oferta e a qualidade do ensino nos anos iniciais do fundamental — etapa em que a alfabetização deve ser plenamente consolidada. Isso significa que as variações nos índices, sejam avanços ou retrocessos, refletem de forma direta as decisões, prioridades e investimentos de cada gestão municipal.
O cumprimento ou não das metas do Indicador Criança Alfabetizada é, portanto, um termômetro da efetividade das políticas públicas locais. Quando um município recua ou avança de maneira expressiva, o resultado é fruto direto da sua atuação: desde a formação de professores, passando pelo acompanhamento pedagógico, até o engajamento da rede escolar e das famílias. Isso reforça a necessidade de diagnósticos aprofundados e de políticas educacionais territorializadas.
Barreiras: sinal amarelo aceso na capital do Oeste
Barreiras, polo regional e cidade de referência, registrou queda de 38,0% em 2023 para 36,09% em 2024 no índice de alfabetização. Embora ligeiramente acima da média baiana, o desempenho ainda é fraco frente ao panorama nacional e ao desafio de atingir os 80% estipulados pelo pacto nacional até 2030. O recuo aponta para a necessidade urgente de reestruturação nas políticas públicas municipais voltadas à alfabetização.
Municípios em ascensão: lições de superação no Oeste
- Cotegipe: Protagonizou o maior salto da região, subindo de 24,9% para 46,43%. O avanço indica estratégias bem-sucedidas e intervenções eficazes.
- Formosa do Rio Preto: Avançou de 40,9% para 49,78%, consolidando-se como referência regional no tema.
- Ibotirama: Evoluiu de 32,2% para 43,23%, ultrapassando inclusive a meta baiana para o ano.
- Correntina: Teve progresso moderado, de 37,9% para 39,48%.
- Luís Eduardo Magalhães: Apesar de ainda estar abaixo da média estadual, cresceu de 20,9% para 32,80%.
- Mansidão: Apresentou leve aumento, de 26,8% para 28,48%.
Municípios em queda: sinais de alerta vermelho
- São Desidério: Registrou a queda mais brusca, despencando de 49,6% para 31,48%. Uma perda de quase 18 pontos percentuais que exige resposta imediata.
- Cristópolis: Caiu de 33,9% para 25,76%, acentuando seu distanciamento da média nacional.
- Baianópolis: Recuou de 39,9% para 35,92%, acompanhando a tendência estadual.
- Wanderley: Desceu de 20,2% para 15,25%, revelando níveis alarmantes de exclusão alfabetizadora.
- Barra: Teve leve redução, de 47,6% para 47,17%, mantendo-se ainda em patamar acima da média.
Os dados atualizados reforçam a urgência de estratégias mais incisivas, adaptadas à realidade de cada território. Enquanto cidades como Cotegipe e Formosa do Rio Preto mostram que é possível avançar com ações bem coordenadas, o declínio em Barreiras e em outros municípios exige maior articulação entre redes de ensino, investimentos estruturais e políticas de formação docente.
Alfabetizar na idade certa não é apenas uma meta numérica — é o ponto de partida para o exercício pleno da cidadania. O desafio está lançado, e o tempo para reverter esse cenário é agora.
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