
Foto: Ricardo Stuckert / PR
Presidentes da América Latina e Europa articulam ações urgentes por justiça social, liberdade de expressão responsável e fortalecimento das instituições diante da crise democrática internacional
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Com o avanço do extremismo e os sucessivos ataques às instituições democráticas pelo mundo, líderes progressistas se reuniram nesta segunda-feira (21), em Santiago, no Chile, para coordenar uma resposta internacional articulada. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi uma das vozes centrais do encontro “Democracia Sempre”, ao lado dos chefes de Estado da Colômbia, Espanha e Uruguai, convocados pelo presidente chileno Gabriel Boric.
Para Lula, a democracia está sob ataque de forças que se escondem atrás do nacionalismo econômico, da manipulação digital e da concentração de riqueza, e só resistirá se for radicalizada em seu compromisso com a justiça social, a liberdade e a soberania popular. O presidente brasileiro reforçou que a defesa do regime democrático não é tarefa exclusiva dos governos, mas de toda a sociedade, incluindo mídia, academia, parlamentos e setor privado.
“Cumprir o rito eleitoral a cada quatro anos não basta. A democracia precisa recuperar sua legitimidade e responder às demandas do povo. Sem inclusão, sem direitos e sem combate à desigualdade, a democracia afunda e abre espaço para os mercadores do ódio”, declarou Lula.
O encontro acontece num contexto simbólico: enquanto líderes democráticos se articulam para proteger as instituições, figuras como Donald Trump, nos Estados Unidos, endurecem posturas autoritárias, como a recente imposição de tarifas punitivas a países como o Brasil. Ainda que não citado diretamente no discurso, o comportamento do republicano evidencia o uso eleitoral da política externa para agradar suas bases radicais e desestabilizar aliados estratégicos.
Durante o evento, três temas centrais pautaram os debates: fortalecimento do multilateralismo, combate às desigualdades e regulamentação das plataformas digitais. Lula enfatizou que a liberdade de expressão deve andar lado a lado com a responsabilidade coletiva, alertando para os riscos da desinformação em ambientes digitais sem regulação.
“A chave para um debate público livre e plural é a transparência de dados e uma governança digital global. Liberdade de expressão não pode ser confundida com licença para cometer crimes, disseminar ódio ou atacar o Estado democrático de direito”, disse.
O presidente também defendeu uma reestruturação tributária global, com foco na taxação dos super-ricos, como condição indispensável para restaurar a justiça fiscal e a coesão social. Segundo ele, não há democracia legítima em sistemas que premiam o capital especulativo enquanto cortam direitos sociais.
“Sem combater as desigualdades raciais, de gênero e territoriais, as democracias continuarão sendo sequestradas por minorias que lucram com a exclusão. Precisamos de um novo modelo de desenvolvimento, que una justiça social, soberania econômica e sustentabilidade ambiental”, concluiu.
O evento no Chile é continuidade da iniciativa lançada por Lula e Pedro Sánchez em setembro de 2024, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Uma nova cúpula está prevista para setembro de 2025, também em Nova York, com a adesão de outros países comprometidos com os valores democráticos, como México, Reino Unido, Canadá, Honduras, Austrália, África do Sul e Dinamarca.
O recado de Santiago foi contundente: não haverá democracia passiva diante da ofensiva antidemocrática. A liberdade precisa ser defendida com firmeza, antes que seja tarde demais.
Caso de Política | A informação passa por aqui.
#DemocraciaSempre #EncontroNoChile #LulaPelaDemocracia #Liberdade #GovernançaDigital #ContraOExtremismo #JustiçaSocial #UnidosPelaDemocracia