
Governador anuncia investimentos e exige ações concretas do município para conter superlotação no Hospital do Oeste; prefeito evita autocrítica e exalta secretária de Saúde
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em sua sexta visita a Barreiras em 2025, o governador Jerônimo Rodrigues marcou presença na manhã desta segunda-feira (28), na Praça Castro Alves, para uma agenda recheada de anúncios e entregas nas áreas de saúde, educação, infraestrutura e segurança pública.
Apesar do tom comemorativo, o evento teve como ponto central uma cobrança direta e firme do governador sobre a corresponsabilidade do município na gestão da saúde pública, em especial na atenção básica – tema ignorado em profundidade pelo prefeito Otoniel Teixeira, que optou por um discurso genérico e repleto de elogios.
Diante de novos investimentos estaduais para o município, o prefeito preferiu exaltar sua equipe, sobretudo a secretária municipal de Saúde, Larissa Barbosa, a quem chamou de “a melhor secretária municipal de saúde da Bahia”, “gigante” e “técnica que trabalha com amor”. Sua fala, no entanto, careceu de informações objetivas sobre políticas públicas em curso, metas da atenção básica ou enfrentamento das fragilidades do sistema local. A única menção pontual foi sobre a necessidade de criação de uma UPA, sem detalhamentos sobre responsabilidades ou ações já implementadas pela gestão.
Em contraste, Jerônimo adotou um discurso técnico, mas incisivo, ao evidenciar a sobrecarga no Hospital do Oeste (HO) — reflexo, segundo ele, da fragilidade na atenção primária.
“Sabe o que acontece quando vemos um hospital de alta complexidade com o corredor cheio? É porque a atenção básica não está dando conta de resolver aqueles problemas”, declarou.
O governador enfatizou que a responsabilidade pela atenção básica é, fundamentalmente, do município, conforme prevê o Sistema Único de Saúde (SUS).
Para sustentar sua crítica, o chefe do Executivo estadual citou dados recentes da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab): 93% dos pacientes nos corredores do HO foram classificados como casos “verdes” ou “azuis” – de baixa complexidade – que deveriam ser atendidos em Unidades Básicas de Saúde (UBSs), postos de saúde ou UPAs municipais.
“Não era para estar ali ainda, era para estar no município”, reforçou Jerônimo. E concluiu: “Não pode haver um culpado, está escrito o que é de responsabilidade do município, do estado e da União.”
Além de diagnosticar, o governador apontou caminhos. Anunciou que uma equipe técnica da Sesab permanecerá em Barreiras por três dias – quarta, quinta e sexta-feira – para elaborar um plano conjunto com a gestão municipal.
“Eu não vou soltar as mãos de Barreiras enquanto não resolver esse problema da saúde”, disse o governador a Otoniel, em tom de parceria, mas com forte cobrança embutida.
Entre os anúncios para a saúde local, destacam-se: um carro administrativo, duas ambulâncias, um veículo para transporte intermunicipal, novos equipamentos hospitalares e a aguardada implantação de um acelerador linear para radioterapia no Hospital do Oeste, com previsão de funcionamento em até três meses. A medida vai eliminar o deslocamento de quase mil pacientes oncológicos da região para Salvador.
Jerônimo também autorizou a ampliação do HO, com mais leitos de UTI e enfermaria, novas salas de cirurgia e a instalação de um aparelho de ressonância magnética – com licitação marcada para 30 de setembro.
A agenda em Barreiras ainda incluiu a entrega de 23 viaturas para a segurança pública, a inauguração de uma escola em tempo integral em homenagem a Kelly Magalhães, a ordem de serviço para a pavimentação da estrada do Cantinho e o anúncio de investimentos no Aeroporto Regional, que terá sua pista e alas de embarque e desembarque ampliada e ganhará um novo acesso. Por fim, o governador lançou o programa “Minha Casa, Minha Vida Rural”, voltado a comunidades em situação de vulnerabilidade.
O evento foi, portanto, marcado por uma dualidade: o otimismo e a retórica exaltativa da prefeitura, diante de uma cobrança pública e objetiva do governador, que cobrou do município mais ação e responsabilidade sobre a saúde básica – considerada a porta de entrada do SUS e hoje um dos gargalos da gestão municipal.
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