
Em sua coluna no Substack, o economista destaca eficiência do sistema brasileiro e condena a influência do lobby financeiro e ideologia conservadora nos Estados Unidos
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia, afirmou que o Pix, sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, pode ter “inventado o futuro do dinheiro”. A avaliação foi publicada nesta terça-feira (22) em sua coluna no Substack, na qual elogia a eficiência do modelo brasileiro e faz duras críticas à postura do governo dos Estados Unidos, especialmente dos republicanos, diante das moedas digitais.
Krugman questiona se “o Brasil inventou o futuro do dinheiro”, destacando que o Pix é uma solução pública que alcançou resultados que o setor privado e até os defensores das criptomoedas não conseguiram entregar. Segundo ele, o Pix já é usado por 93% dos adultos brasileiros, substituindo rapidamente dinheiro e cartões.
O economista cita dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) para evidenciar que uma transação via Pix é liquidada em apenas 3 segundos, enquanto pagamentos por débito levam em média 2 dias e por crédito até 28 dias. Além disso, o sistema brasileiro oferece custo zero para pessoas físicas e cobra uma taxa de apenas 0,33% dos comerciantes, contra até 2,34% cobrados por cartões.
“Não posso deixar de notar que o Pix está realmente alcançando o que os impulsionadores de criptomoedas alegaram, falsamente, ser capaz de entregar por meio do blockchain – baixos custos de transação e inclusão financeira”, ironiza Krugman, que também destaca o baixo uso das criptomoedas nos EUA, com apenas 2% da população usando para pagamentos em 2024, em contraste com o amplo alcance do Pix no Brasil.
Em sua coluna, o Nobel também elogia a decisão brasileira de levar Jair Bolsonaro à Justiça, destacando:
“Eles realmente colocam ex-presidentes que tentam anular as eleições em julgamento”.
A análise de Krugman surge logo após o anúncio de uma investigação americana sobre o sistema de pagamentos brasileiro, que pode resultar em sanções e tarifas contra o país. O economista aponta que essa reação ocorre em meio ao avanço da chamada Lei GENIUS na Câmara dos EUA, que, segundo ele, “impulsionará o crescimento das stablecoins, abrindo caminho para futuros golpes e crises financeiras”.
Ele critica ainda outro projeto aprovado que impede o Federal Reserve de sequer estudar a criação de uma moeda digital (CBDC).
“Por que os republicanos estão tão aterrorizados com a ideia de um CBDC que estão literalmente ordenando que o Fed pare de pensar nisso?”, questiona.
Krugman destaca que, embora os EUA já utilizem formas digitais de moeda no sistema bancário tradicional, esse acesso está restrito a instituições financeiras, e questiona:
“Por que não deveriam ser disponibilizados recursos comparáveis para pessoas físicas e empresas não financeiras?”.
Ele rebate o argumento republicano de que moedas digitais representariam invasão de privacidade com sarcasmo:
“Se você acha que eles estão profundamente preocupados com a vigilância em potencial, tenho algumas memecoins da família Trump que você pode querer comprar”.
Para o economista, o medo real é que uma moeda digital do banco central tire mercado dos bancos privados e das stablecoins, criando conflitos com o setor financeiro.
“Sabemos que é possível porque o Brasil já fez isso”, afirma Krugman, ao comparar o Pix a uma “versão pública do Zelle”, mas com mais eficiência e facilidade de uso.
Krugman conclui que os Estados Unidos provavelmente não terão um sistema público como o Pix tão cedo, devido ao poder do lobby financeiro e à ideologia da direita, que vê o governo como “sempre o problema, nunca a solução”.
“Outros países devem aprender com o Brasil, mas os EUA seguirão presos por uma combinação de interesses adquiridos e fantasias criptográficas”, finaliza.
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