
Governo brasileiro reage com firmeza à tentativa dos EUA de desqualificar o Pix e impor tarifas comerciais; para Brasília, investigação liderada por Trump fere a soberania nacional e ignora avanços legítimos em inovação, regulação e autonomia econômica
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em uma resposta carregada de orgulho e firmeza, o governo Lula elevou o tom frente à nova ofensiva dos Estados Unidos contra a política econômica e digital do Brasil. A frase postada nesta quarta-feira (16) nas redes sociais oficiais – “O Pix é nosso, my friend!” – não foi apenas uma provocação bem-humorada a Donald Trump, mas também a síntese de uma postura clara: o Brasil não aceitará ataques à sua soberania nem ingerência sobre decisões legítimas de política pública e inovação tecnológica.
A reação veio após a abertura de um inquérito comercial pela USTR (Escritório do Representante Comercial dos EUA), iniciada em 15 de julho e autorizada por Trump. O documento acusa o Brasil de práticas desleais em temas como comércio digital, tarifas, combate à corrupção, propriedade intelectual, etanol e meio ambiente. Entre as críticas, os americanos alegam que o Pix confere vantagem indevida ao país e prejudica empresas estrangeiras — especialmente plataformas privadas como o WhatsApp Pay, da Meta.
Na publicação, o governo brasileiro ironizou:
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“Parece que nosso Pix vem causando um ciúme danado lá fora, viu? Tem até carta reclamando da existência do nosso sistema seguro, sigiloso e sem taxas. Só que o Brasil é o quê? Soberano.”
Com mais de 175 milhões de usuários, o Pix é uma conquista pública construída pelo Banco Central, reconhecida mundialmente como referência em inclusão financeira, segurança, transparência e eficiência. Sua existência não apenas moderniza o sistema de pagamentos do Brasil, como também fortalece a autonomia nacional em um setor dominado historicamente por grandes conglomerados financeiros — muitos deles sediados nos países agora críticos à sua existência.
O governo brasileiro sustenta que as decisões regulatórias adotadas nos últimos anos — tanto no âmbito financeiro quanto digital — são resultado de debates soberanos e estão amparadas na Constituição e no interesse coletivo. A crítica americana às decisões do Supremo Tribunal Federal e às regras de proteção de dados reflete, segundo autoridades brasileiras, uma tentativa de exportar padrões jurídicos e comerciais que favorecem grandes corporações estrangeiras, em detrimento do modelo de governança adotado por países em desenvolvimento.
A investigação da USTR acusa:
- Comércio digital: O documento aponta barreiras ao funcionamento de plataformas estrangeiras, remoções de conteúdo político sem ordem judicial, punições a executivos e restrições na transferência internacional de dados.
- Tarifas preferenciais: O Brasil é acusado de beneficiar parceiros como México e Índia, enquanto impõe alíquotas mais elevadas a produtos dos EUA, como veículos e autopeças.
- Corrupção: O governo americano cita “enfraquecimento das instituições de combate à corrupção”, referindo-se a decisões judiciais que anularam condenações e acordos considerados opacos.
- Propriedade intelectual: O país é descrito como um ambiente permissivo à pirataria, com demora excessiva na concessão de patentes e ausência de fiscalização eficaz.
- Etanol: A reintrodução de tarifas sobre o combustível americano teria derrubado as exportações do setor em mais de 80% desde 2018.
- Desmatamento: O relatório relaciona o desmatamento ilegal com uma vantagem competitiva “injusta” na exportação de commodities agrícolas.
Leia a íntegra do documento
Apesar do tom duro do inquérito, especialistas apontam que parte das acusações tem forte viés político e eleitoral. Trump, em campanha pela reeleição, tenta apresentar uma postura agressiva frente a economias emergentes como forma de reafirmar sua agenda de proteção à indústria americana. A retórica contra o Brasil serve, nesse contexto, como plataforma de mobilização eleitoral interna nos EUA.
Do lado brasileiro, a resposta unifica defesa institucional, orgulho nacional e projeção geopolítica. O governo tem sinalizado que não aceitará pressões externas que visem submeter a política pública brasileira a interesses corporativos internacionais. Em nota, o Planalto afirmou que o país seguirá guiado pela “defesa intransigente da soberania nacional e dos interesses do povo brasileiro”.
O embate reforça o simbolismo do Pix como um ativo estratégico da soberania brasileira — não apenas tecnológico, mas também político. Em um mundo cada vez mais dependente de infraestrutura digital e dados, o Brasil mostra que é possível inovar com autonomia, proteger seus cidadãos e manter políticas públicas livres de tutelas externas.
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