
Prefeito intensifica o diálogo por industrialização nas redes sociais, com visita do governador Jerônimo Rodrigues, marcada para 26 de julho de 2025, configurando-se em palco para Moabe cobrar apoio a projetos de agregação de valor para o cacau no município
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em um pronunciamento estratégico feito nesta quarta-feira (23) nas redes sociais, o prefeito Moabe Santana declarou: “Riachão das Neves é a capital do chocolate”. A fala, carregada de simbolismo político e com a promessa de maior desenvolvimento, posiciona o município como polo central da cadeia produtiva do cacau irrigado no Oeste da Bahia.
Essa articulação ganha relevância com a visita do governador Jerônimo Rodrigues agendada para sábado, 26 de julho de 2025, momento em que o prefeito Moabe Santana terá uma oportunidade ímpar para intensificar o diálogo e cobrar apoio direto do Governo do Estado para a efetivação da “capital do chocolate”.
Ao lado de Moisés Schmidt, presidente da AIBA (Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia), Moabe Santana participou do plantio simbólico de mudas de cacau e enfatizou seu empenho:
“Vamos investir, porque é através disso que virá o desenvolvimento para o nosso município”.
O gesto público, antecedendo a agenda governamental, integra uma sequência de movimentações que sinalizam o interesse político e institucional em agregar valor à produção local de cacau – o que pode culminar na instalação de agroindústrias ligadas à produção de chocolate e seus derivados.
Cacau irrigado e novo eixo da economia regional
As declarações de Moabe e Schmidt ocorrem poucos dias após o encerramento da 4ª edição da Cacauicultura 4.0, evento que transformou Barreiras e Riachão das Neves no epicentro nacional da inovação cacaueira. A edição 2025 reuniu o governador Jerônimo Rodrigues, a Ceplac, representantes do Ministério da Agricultura e instituições de pesquisa, finanças e irrigação, num esforço conjunto para consolidar o Oeste baiano como nova fronteira do cacau.
Segundo a AIBA, a região já ultrapassa 1.500 hectares plantados com cacau irrigado, com projeção de atingir 20 mil hectares até 2030. A proposta é transformar áreas de pastagem degradadas em lavouras tecnificadas e sustentáveis, capazes de elevar em até 50% a produção estadual.
“O Oeste da Bahia já mostrou que sabe produzir com excelência. Com o cacau, temos agora a chance de inaugurar uma nova matriz produtiva, mais diversificada e resiliente”, afirmou Moisés Schmidt.
O presidente da AIBA reforçou o protagonismo de Riachão em sua própria fala nas redes:
“Estamos aqui em Riachão das Neves, essa semana que o município completa 63 anos de idade. Estamos trazendo junto com o prefeito Moabe esse desenvolvimento da cacauicultura. Como presidente da AIBA, sempre incentivando a agricultura e a pecuária, mostrando esse potencial que essa região tem. Riachão das Neves, que hoje está em 6º colocado no PIB agrícola do estado da Bahia. Isso mostra a importância desse município. Estamos juntos.”
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), os maiores PIBs agricolas da Bahia são: São Desidério é o município baiano mais bem colocado, seguido por Formosa do Rio Preto, Barreiras, Correntina, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves, Jaborandi, Mucugê e Juazeiro.
Análise da cadeia produtiva e da oportunidade econômica
A ambição de transformar Riachão das Neves na “capital do chocolate” baseia-se na visão de uma cadeia produtiva integral, que vai desde o campo até o produto final nas prateleiras:
1. Cultivo de Ponta e Sustentável: O Oeste Baiano, incluindo Riachão das Neves, tem se consolidado como uma nova fronteira para o cacau irrigado. A AIBA projeta alcançar 5 mil hectares plantados até o fim de 2026, com potencial para mais de 20 mil hectares até 2030. Esse aumento pode representar um incremento de 60 mil toneladas na produção estadual (50% a mais do volume atual). O foco está em sistemas regenerativos, irrigação e manejo de precisão, transformando pastagens degradadas em áreas altamente produtivas.
2. Beneficiamento Primário Local: A qualidade do cacau para chocolate começa na fermentação e secagem das amêndoas. A estruturação de unidades locais para esse beneficiamento primário garante maior controle de qualidade, padronização e um produto inicial de maior valor para as indústrias.
3. Industrialização Diversificada (Oportunidade Central): Este é o ponto-chave da fala do governador Jerônimo Rodrigues e o foco da visão de Moab Santana. A instalação de empresas em Riachão das Neves para processar o cacau em:
- Manteiga de cacau: Usada em chocolates, cosméticos e farmacêuticos.
- Licor de cacau (massa): Base para a produção de chocolate.
- Pó de cacau: Para bebidas e produtos alimentícios.
- Nibs de cacau: Pequenos pedaços de amêndoa torrada, versáteis para consumo direto e ingredientes.
- Chocolates Finos: A produção de chocolates gourmet, barras e confeitos de alta qualidade agrega o maior valor e gera marcas locais.
- Subprodutos da Polpa: Geleias, sucos, fermentados (vinagre, bebidas) e mel de cacau, explorando todo o potencial do fruto. A diversidade de produtos abre um leque de oportunidades para micro, pequenas e médias empresas, além de atrair grandes investidores.
4. Logística e Comercialização: Uma vez transformado, o produto precisa ser escoado. Investimentos em infraestrutura logística (estradas, transporte) e parcerias comerciais serão essenciais para conectar a “capital do chocolate” aos mercados nacionais e internacionais.
Análise política: uma nova fronteira no mapa do cacau baiano
A declaração de Moabe Santana é simbólica e política. Ao declarar Riachão como “capital do chocolate”, ele insere o município em uma disputa de protagonismo que transcende o discurso. Os efeitos dessa fala vão além das redes sociais — pressionam governos, atraem investidores e mobilizam instituições.
- Territorialização simbólica: Moabe posiciona Riachão como epicentro da transformação do cacau, buscando consolidar uma identidade própria no mercado baiano e nacional.
- Pressão sobre o Estado e Contexto da Visita: A fala de Moabe Santana acontece semanas após o governador Jerônimo Rodrigues defender a industrialização do cacau como política estratégica. Agora, com a visita do governador agendada para 26 de julho, para a inauguração de múltiplos Sistemas Simplificados de Abastecimento de Água (SSAA) e a entrega de uma viatura da Polícia Militar, além da participação nos Festejos de Sant’Ana, o prefeito Moabe Santana terá a oportunidade ideal para conversar diretamente e cobrar apoio governamental específico para o avanço da cadeia produtiva do cacau. Este cenário propicia um ambiente de diálogo direto, onde demandas por crédito, infraestrutura, assistência técnica e suporte à indústria rural poderão ser formalizadas.
- Articulação regional com a AIBA: Ao aparecer ao lado de Moisés Schmidt, o prefeito reforça vínculos com o setor produtivo e com a liderança agrícola regional, sinalizando coesão e potencial de atração de investimentos.
- Sinal para investidores e pequenos empreendedores: Embora não tenha anunciado oficialmente a instalação de nenhuma indústria, a fala de Moabe sugere um ambiente político favorável à chegada de agroindústrias. Essa sinalização pode atrair empresários, startups e cooperativas ligadas ao chocolate e seus subprodutos.
- Projeção eleitoral e construção de legado: Com um discurso calcado na inovação e no desenvolvimento econômico, Moabe fortalece sua imagem de gestor estratégico e projeta Riachão para além das fronteiras locais.
A capital simbólica precisa de estrutura real
Riachão das Neves ainda não abriga uma fábrica de chocolate, mas começa a construir as bases políticas, agrícolas e simbólicas para ser reconhecida como tal. A declaração pública de Moabe, aliada à iminente visita do governador, pode ser um divisor de águas – ou apenas mais uma promessa, caso não seja acompanhada de estrutura, investimentos e políticas públicas. A “capital do chocolate” pode nascer não apenas da força do discurso, mas da soma de irrigação, técnica, indústria e vontade política compartilhada.
Ainda que não tenha citado pelo prefeito, o fruto cacau é uma matéria-prima extremamente versátil, com alto potencial para geração de valor agregado e desenvolvimento econômico. Abaixo estão alguns dos principais produtos e subprodutos que podem ser obtidos do cacau:
Subprodutos do cacau além do chocolate
- Nibs de cacau: Pequenos pedaços da amêndoa torrada e descascada, consumidos como snack saudável ou usados em confeitaria gourmet.
- Licor de cacau: Pasta obtida da moagem da amêndoa, base para chocolates, mas também utilizada em bebidas e cosméticos.
- Manteiga de cacau: Gordura natural extraída da amêndoa, usada na indústria alimentícia, cosmética (cremes, batons, loções) e farmacêutica.
- Pó de cacau: Resultado da prensagem do licor de cacau, é a base para achocolatados, bolos, sobremesas e produtos fitness.
- Geleias, compotas e mel de cacau: Feitos a partir da polpa do fruto, ricos em sabor e potencializados como produtos gourmet e funcionais.
- Suco da polpa (nectar de cacau): Refrescante, nutritivo e com propriedades antioxidantes. Já exportado como bebida premium em alguns países.
- Vinagre de cacau: Produzido a partir da fermentação da polpa, com uso culinário e medicinal.
- Destilados e fermentados (cacau wine ou cacau gin): Bebidas alcoólicas feitas a partir da polpa, com valor agregado e apelo gourmet.
- Ração animal e adubo orgânico: As cascas e sobras do fruto podem ser reaproveitadas como insumos agrícolas e suplementos para animais.
- Cosméticos e produtos terapêuticos: A manteiga e extratos do cacau têm propriedades hidratantes, antioxidantes e cicatrizantes.
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