
Distribuidora americana de suco entra na Justiça contra medida tarifária que pode causar prejuízo milionário; ação expõe uso político do comércio exterior por Donald Trump e amplia críticas ao presidente dos EUA
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A política comercial de Donald Trump voltou ao centro das críticas – agora dentro do próprio território norte-americano. A Johanna Foods, uma das maiores distribuidoras de suco de laranja dos EUA, entrou com uma ação judicial contra a tarifa emergencial de 50% imposta por Trump sobre o produto importado do Brasil. A denúncia foi revelada pela Bloomberg, que destacou os impactos econômicos e jurídicos da medida classificada como “ameaça existencial ao negócio” pela empresa.
Segundo o processo protocolado na Corte de Comércio Internacional dos Estados Unidos, a decisão de donald Trump representa uma distorção autoritária dos mecanismos legais de tarifação. A Johanna Foods, sediada em Nova Jersey, argumenta que a medida poderá elevar seus custos em até US$ 68 milhões por ano, com aumento de até 25% para o consumidor americano. A empresa aponta que Trump usou de forma indevida os poderes emergenciais, violando a exigência constitucional de aprovação do Congresso.
Mais do que uma questão comercial, o caso se soma a um padrão crescente de instrumentalização da política externa por Trump – que, sem provas concretas, justificou a retaliação com base em “ameaças à segurança nacional” e “apoio do Brasil a Jair Bolsonaro”, seu aliado de extrema-direita. A Johanna Foods rebateu diretamente essa alegação no processo, afirmando que não há qualquer situação “inusual e extraordinária” que legitime o decreto presidencial.
A medida, com previsão para entrar em vigor em 1º de agosto, atinge diretamente a economia brasileira, já que mais da metade do suco de laranja consumido nos Estados Unidos é de origem brasileira. De acordo com Ibiapaba Netto, diretor-executivo da CitrusBR, os EUA absorvem 42% das exportações brasileiras do setor, sem alternativas viáveis de substituição no médio prazo. Em outras palavras, Trump compromete de forma imediata a relação comercial com o maior fornecedor global do produto – e arrasta junto o consumidor americano, que pagará mais caro pela consequência de um gesto de propaganda política.
A Casa Branca, por sua vez, tenta blindar o presidente, alegando, em nota assinada pelo porta-voz Kush Desai à Bloomberg, que a medida seria uma “ação justa e legal” para proteger o mercado de trabalho e a soberania nacional. O discurso, no entanto, repete a retórica populista que tem marcado o segundo mandato de Trump: um nacionalismo econômico agressivo, descolado de dados e de consensos internacionais, com prejuízos internos e externos.
A denúncia da Johanna Foods também ocorre num contexto mais amplo. A mesma Corte analisa outro processo envolvendo o “tarifaço” trumpista — desta vez, sobre produtos chineses como bicicletas e máquinas de costura, cuja isenção tributária foi suspensa em abril. Trata-se de uma escalada de decisões unilaterais e beligerantes, que minam a previsibilidade comercial dos EUA e fragilizam seu papel de liderança global.
O protecionismo de Trump não mira apenas os concorrentes estrangeiros, mas a própria estabilidade econômica dos Estados Unidos. Ao usar o comércio como arma política, ele compromete a confiança de investidores, atinge cadeias produtivas e afeta diretamente o bolso dos americanos. A retaliação contra o Brasil não passa de mais um capítulo da agenda ideológica que desvirtua o interesse nacional em nome da guerra cultural permanente.
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