Em entrevista à Oeste FM, líder político questiona a gestão financeira da prefeitura, aponta gastos excessivos com consultorias e detalha articulações para 2026, incluindo convite do MDB
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O ex-secretário de Governo de Luís Eduardo Magalhães, Danilo Henrique, subiu o tom contra a atual administração de Barreiras durante entrevista ao programa Impacto, da Oeste FM, nesta terça-feira (23). Amparado em dados do Portal da Transparência e da Lei Orçamentária Anual (LOA), ele afirmou que o município acumula uma dívida estimada em R$ 1 bilhão, com um impacto anual de cerca de R$ 100 milhões apenas em juros.
Na avaliação de Danilo, esse cenário torna “inadmissível” o pedido encaminhado pelo prefeito Otoniel Teixeira à Câmara Municipal para a contratação de um novo empréstimo no valor de R$ 140 milhões. Ao longo da entrevista, o líder político também abordou temas como habitação, infraestrutura urbana, educação, orçamento impositivo e seu futuro político.
Questionado pelo apresentador Marcelo Ferraz sobre o novo endividamento, Danilo classificou a proposta como incompatível com a realidade financeira do município. Segundo ele, Barreiras arrecada aproximadamente R$ 3 milhões por dia, mas demonstra falta de prioridade na destinação dos recursos públicos.
“O gabinete do prefeito custa cerca de R$ 10 milhões por ano; o do vice, R$ 7 milhões. Além disso, gastam-se R$ 7 milhões com consultoria jurídica externa, mesmo havendo procuradores concursados”, criticou.
Danilo também rebateu a justificativa de que o empréstimo seria utilizado para a construção de praças e pequenas obras urbanas. Para ele, esse tipo de intervenção deve ser executado por medição, com recursos próprios, evitando o comprometimento das próximas gerações com novas dívidas.
Na área habitacional, Marcelo Ferraz relembrou a experiência de Danilo no setor e pediu uma avaliação sobre a entrega das 500 casas do Residencial Solar Bem Viver (Vila Amorim), ocorrida no último sábado (20). O ex-secretário destacou a emoção das famílias beneficiadas, mas apontou falhas estruturais no planejamento público. Segundo ele, o empreendimento teve início em 2013 e levou 12 anos para ser concluído.
Danilo foi enfático ao afirmar que a prefeitura de Barreiras não cadastrou nenhum novo projeto habitacional nos últimos oito anos.
“Todas as casas entregues são herança de gestões passadas – Jusmari e Antônio Henrique – ou de iniciativas privadas em parceria com a Caixa. A prefeitura atual vive da força do passado”, afirmou.
Ele orientou que pessoas que se sentiram prejudicadas no processo de cadastro procurem o Ministério Público para apurar possíveis irregularidades, inclusive a venda ilegal de unidades.
Sobre o Centro Esportivo, Danilo esclareceu que os recursos são oriundos do PAC 23 e que o deputado federal João Leão destinou R$ 1,5 milhão para destravar o processo junto ao Ministério do Esporte. Segundo ele, o convênio com a Caixa Econômica Federal foi assinado em 28 de setembro. Apesar disso, criticou a decisão política de transferir a obra da Santa Luzia para o Bairro Azul (Vila Rica).
“Pedimos na Santa Luzia, que é um bairro populoso e carente. O prefeito optou por outro local”, disse, lembrando ainda a precariedade da infraestrutura esportiva da Santa Luzia, onde um jovem quase sofreu uma tragédia recente por choque elétrico em uma arena abandonada.
Ao tratar dos recorrentes alagamentos em bairros mais baixos da cidade, Danilo apresentou uma proposta técnica prevista em seu plano de gestão: a construção de bacias de contenção na escarpa da serra, com o objetivo de reduzir a velocidade da água antes que ela alcance os canais urbanos. Ele lembrou que os canais da Vila Rica e da Vila Dulce têm mais de 30 anos, datam da gestão Baltazarino e já não suportam o volume atual, situação agravada por obras recentes de asfaltamento sem a devida adequação da drenagem.
Na educação, Danilo comentou a declaração do prefeito de que o rateio do Fundeb só será pago aos professores mediante decisão judicial. Para ele, houve “estelionato eleitoral”. “Em setembro e outubro, garantiram publicamente que fariam o rateio. Enganaram a categoria mais uma vez”, afirmou. Embora reconheça a importância da construção de novas unidades escolares, defendeu que a política educacional precisa avançar na valorização financeira e na atenção à saúde mental dos profissionais.
Sobre o orçamento impositivo, que garantirá cerca de R$ 800 mil em emendas para cada vereador em 2026, Danilo elogiou a condução da Câmara Municipal sob a presidência de Yure Ramon. Segundo ele, a medida fortalece a independência do Legislativo.
“O vereador deixa de ser subserviente ao prefeito. Com 50% das emendas obrigatoriamente destinadas à saúde, passa a ter condições reais de atender sua comunidade, marcando exames e cirurgias sem precisar mendigar favores”, avaliou.
Encerrando a entrevista, Danilo confirmou o convite formal para se filiar ao MDB e disputar uma vaga de deputado federal. O convite, segundo ele, partiu de Jayme e Lúcio Vieira Lima, com articulação local de Karlúcia Macedo.
“Fui convidado para me filiar e ser candidato, mas não tenho pressa. Essa decisão será tomada em grupo até abril”, disse, assegurando que Karlúcia seguirá como sua principal liderança local.
Danilo finalizou prestando contas de articulações já em andamento, como a destinação de R$ 250 mil em emenda do deputado Ricardo Maia (MDB) para a saúde de Barreiras e a previsão de licitação da barragem de Cana Brava, pelo Governo do Estado, programada para março de 2026.
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