Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A recente pesquisa realizada pelo Datafolha revela um aumento significativo na oposição dos brasileiros à descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. De acordo com os dados coletados nesta semana, 67% dos entrevistados se posicionaram contrários à proposta, em comparação com os 61% registrados no levantamento anterior, conduzido em setembro de 2023. Por outro lado, apenas 31% dos entrevistados desta semana expressaram apoio à descriminalização, uma queda em relação aos 36% do ano passado. Além disso, 2% dos entrevistados optaram por não responder ou declararam não saber.
Os resultados da pesquisa foram obtidos através de entrevistas com 2.002 pessoas maiores de 16 anos, realizadas nos dias 19 e 20 de março, em 147 municípios em todo o Brasil. A margem de erro para o total da amostra é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro do nível de confiança de 95%. Os dados foram divulgados pelo jornal Folha de São Paulo, destacando a importância do debate sobre a política de drogas no país.
Observou-se um aumento significativo na oposição à descriminalização, principalmente entre grupos que anteriormente demonstravam uma posição mais liberal sobre o tema. Por exemplo, entre os jovens de 16 a 24 anos, a opinião contrária à descriminalização subiu de 46% para 55%. Essa tendência também foi observada em faixas etárias mais altas e entre brasileiros mais escolarizados e com renda familiar mensal de 2 a 5 salários mínimos.
O debate sobre a descriminalização da maconha está em andamento no Supremo Tribunal Federal (STF), onde se discute a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas. O julgamento, iniciado em 2015, conta com um placar de 5 a 3 a favor da descriminalização do porte de maconha para uso pessoal. No entanto, a reação ao julgamento no STF também se reflete no Congresso, onde foi apresentada uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para incluir no texto constitucional a criminalização do porte de drogas, destacando a importância e a complexidade do tema para a sociedade brasileira.
Internacionalmente, enquanto diversos países têm adotado políticas mais flexíveis em relação à maconha, permitindo sua legalização para fins medicinais e recreativos, o Brasil parece seguir uma trajetória contrária. Essa mudança de postura em âmbito global tem sido impulsionada por uma combinação de fatores, incluindo mudanças na percepção pública sobre a maconha, evidências crescentes de seus potenciais benefícios terapêuticos e uma visão crítica sobre a eficácia das políticas de proibição.
Muitos países têm permitido o uso da maconha para tratamentos médicos, reconhecendo seus potenciais benefícios no alívio de sintomas de várias condições médicas, como dor crônica, epilepsia, náusea e distúrbios do sono. Além disso, alguns países têm optado por legalizar a maconha para uso recreativo, permitindo que adultos consumam a droga de forma legal e regulamentada. Essas mudanças refletem uma evolução nas políticas de drogas, com muitos países reconsiderando as abordagens tradicionais de proibição e repressão em favor de estratégias mais baseadas em evidências, como a regulamentação e o controle.
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