ACM Neto critica fuga em Barreiras: “desmoralizante e deixa população vulnerável” enquanto seu passado conturbado o assombra

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – ACM Neto (UB), o infalível defensor da moralidade e da segurança pública, expressou sua mais profunda indignação diante da fuga de detentos do Conjunto Penal de Barreiras. Em um tom que mistura espanto e revolta, Neto apontou estruturas carcerárias em ruínas e abandono da segurança pública.

Talvez o que ACM Neto não quer falar, é que Barreiras nunca teve um presídio ou cadeia pública com condições mínimas para abrigar a população carcerária da região oeste e que foi justamento o governador petista Jaques Wagner que em 2 de junho de 2017, inaugurou a unidade prisional. A reportagem foi publicada pelo respeitado Jornal OExpresso com a participação deste jornalista que vos escreve.

“Vejo com uma perplexidade que só um político de carreira poderia fingir ter, a notícia de que sete bandidos escaparam do Conjunto Penal de Barreiras”, afirmou Neto, com a seriedade que só um ex-prefeito pode ostentar. Ele continuou, lançando acusações ácidas contra o governador Jerônimo Rodrigues, chamando-o diretamente à responsabilidade: “A bandidagem não pode controlar a Bahia, governador Jerônimo. Isso é desmoralizante e deixa nossa população ainda mais vulnerável. Mas, por favor, esqueçam as políticas de segurança durante a minha gestão como prefeito, isso não é relevante agora”, disse ACM Neto.

É claro que melhoria devem ser feitas para o aumento da segurança e condições mais dignas para servidores e encarcerados devem ser dadas, não há dúvidadas disso. A família de ACM Neto, governou e mandou de chicote na mão durante décadas na Bahia, e durante este período, havia graves dificuldades na saúde, educação, policiamento equipado, ausência de um presídio, as delegacias de policia estavam sucateadas, houve maior  dedicação em projetos para a agricultura familiar…

Mas enquanto Neto destila sua indignação selectiva, a mídia traz à tona questões incômodas sobre sua gestão passada como prefeito de Salvador. O Portal “O Bastidor” revelou um contrato de lixo concedido a um amigo e empresário suspeito de corrupção e lavagem de dinheiro, além de ter um jatinho emprestado ao próprio ACM Neto. O custo desse contrato para os cofres públicos chegou a uma cifra exorbitante de 174,4 milhões de reais.

Outro episódio constrangedor foi noticiado pelo “G1”, relatando um depoimento que aponta doações não declaradas à campanha de ACM Neto em 2012, incluindo valores vindos da construtora Odebrecht. Mas, é claro, esses pequenos detalhes não abalam a aura de integridade do ilustre político.

E quanto à polêmica racial, o jornal “O Globo” reportou um incidente envolvendo ACM Neto, que apareceu excessivamente bronzeado em uma entrevista, questionando os critérios do IBGE para classificação racial no Brasil. Uma situação tão desconcertante quanto a própria figura de ACM Neto.

Neto ainda soltou uma grotesca Fake News, quando afirmou em fala generalizada de que a Bahia é campeã nos índices nacionais da violência. O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) disponibilizou em fevereiro desta ano o primeiro Mapa da Segurança Pública 2024 – ano-base 2023, produzido pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), a partir dos dados enviados pelos Estados e pelo Distrito Federal, por meio de uma nova ferramenta tecnológica, o Validador de Dados Estatísticos (SINESP-VDE). Acesse a íntegra do Estudo clicando aqui.

Conforme os dados, o Brasil registrou 40.464 homicídios dolosos (com intenção de matar), feminicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte, que em 2022 representaram 42.190, fechando o percentual de redução 4%.

No Amapá, o relatório aponta (45,5%), Rio de Janeiro (6,1%), Pernambuco (5,3%), Alagoas (2,2%) e Maranhão (1,8%), como estados em que as mortes violentas tiveram alta no ano de 2023.

Portanto, enquanto ACM Neto se coloca como o arauto da justiça e da moralidade, é importante lembrar que a realidade política é sempre mais complexa do que suas declarações superficialmente indignadas sugerem.

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