A empresa negocia com o fundo Mubadala, controlador da Acelen, para readquirir a refinaria de Mataripe
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Petrobras está em negociações avançadas com o fundo Mubadala para readquirir a refinaria de Mataripe, localizada na Bahia, que foi vendida há três anos por US$ 1,65 bilhão durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. A estratégia faz parte dos planos do governo federal de aumentar os investimentos da estatal na produção de combustíveis fósseis.
A transação ainda não foi concluída, mas a expectativa é que o valor de recompra não seja inferior ao preço original da venda. A refinaria de Mataripe, atualmente controlada pela Acelen, uma empresa do fundo Mubadala, deve retornar ao portfólio da Petrobras, que visa expandir sua capacidade de refino. A Acelen, por sua vez, demonstra interesse em se tornar parceira da estatal em novos projetos de energia renovável.
A mudança de postura da Petrobras está alinhada com a nova gestão da empresa sob a presidência de Magda Chambriard, que prioriza a ampliação das atividades de refino de petróleo. Este movimento estratégico reflete o compromisso do governo federal em reforçar a atuação da Petrobras como uma das principais produtoras de combustíveis fósseis, enquanto aborda questões de transição energética.
A Petrobras defende que a venda de parte de suas refinarias, decidida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) em 2019, comprometeria seus rendimentos e, consequentemente, os investimentos necessários para a transição energética. Este argumento tem sido central para justificar a expansão da empresa no setor de petróleo, embora críticos apontem a falta de um plano claro para utilizar os recursos obtidos na exploração petrolífera para financiar essa transição.
Mariana Mota, coordenadora de políticas públicas do Greenpeace Brasil, destaca que o governo não apresentou garantias sobre como os recursos serão aplicados na transição energética. “Não há cronograma, metas ou compromissos claros. O discurso de financiar a transição não se traduz em ações concretas”, afirma Mota, criticando a lentidão dos planos do governo Lula para a transição energética em contraste com a agilidade nas ações para expandir a exploração de petróleo.
Em paralelo, a cidade de Barcarena, no Pará, emerge como um novo polo de gás fóssil na região amazônica, com a inauguração de um terminal de gás natural liquefeito (GNL) e a construção de uma usina termelétrica a gás, projetada para ser a maior da América Latina. Essa expansão do setor de gás gera preocupações entre a população local e ambientalistas, que temem o agravamento de problemas hídricos, sociais e de poluição na região, como reportado pela Agência Pública.
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