Após resistir a pressões para aderir a uma tentativa de golpe no Brasil, o general Valério Stumpf Trindade revela ameaças e campanhas de difamação que enfrentou, mantendo sua posição em defesa da ordem democrática
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O general Valério Stumpf Trindade, peça-chave para frustrar uma tentativa de golpe de Estado no Brasil, trouxe à tona as perseguições que sofreu de militares e civis envolvidos na conspiração. À época chefe do Estado-Maior do Exército, Stumpf agiu em alinhamento com o então comandante, general Freire Gomes.
“Tudo o que fiz foi com o conhecimento do Alto-Comando do Exército, alinhado com o [então comandante] general Freire Gomes. Existe uma lealdade muito forte no Alto-Comando”, afirmou ao Metrópoles.
Campanha de difamação
Stumpf foi alvo de uma ofensiva nas redes sociais, que incluiu publicações difamatórias com fotos dele e de sua família. Sua filha chegou a ouvir que ele era “traidor da Pátria”. Antes da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as pressões buscavam cooptá-lo para o golpe. Após a transição pacífica de poder, a narrativa mudou, responsabilizando-o por “permitir” a continuidade democrática.
Entre as acusações, Stumpf foi rotulado de “informante” do ministro Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele refutou:
“Por ser chefe do Estado-Maior à época, eu tinha contato com o TSE. Estávamos discutindo métodos para reforçar a segurança e a transparência das urnas eletrônicas.”
O general destacou que o contato era institucional e criticou as distorções promovidas por desinformados:
“Alimentaram a versão de que eu seria ‘informante’, uma coisa bandida. Isso nunca aconteceu. É uma inverdade e uma agressão à minha pessoa.”
Ações em defesa da democracia
Stumpf propôs medidas ao TSE, como o teste de integridade com biometria, posteriormente implementadas pela Portaria 921. “O objetivo era preservar a democracia, fortalecendo a credibilidade das urnas eletrônicas”, destacou.
O general Stumpf foi alvo de ataques em grupo de militares. Foto: reprodução
Ao lado dos generais Tomás Ribeiro Paiva e Richard Nunes, Stumpf foi um dos mais atacados por grupos radicais por defender a estabilidade institucional. Conversas vazadas no WhatsApp mostram que o coronel Bernardo Romão Corrêa Netto incentivou a divulgação de imagens para desmoralizar os militares.
Esforço articulado e investigação
A Polícia Federal apontou que a campanha de difamação contra Stumpf e outros fazia parte de um plano maior para viabilizar o golpe antes mesmo do fim das eleições de 2022. O inquérito culminou no indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outras 36 pessoas por crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe.
Hoje na reserva, Stumpf reflete sobre os eventos com tranquilidade:
“Defendi a democracia em tempos complexos. Tenho orgulho de ter agido de forma leal ao comandante do Exército e ao Exército Brasileiro.”
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