Estratégias de comunicação do PT encontram resistência e tropeçam no alcance crescente de opositores nas redes.
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Rui Costa, ministro da Casa Civil, detalhou nesta quarta-feira (22) a nova estratégia de comunicação do governo federal, conforme orientação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A iniciativa, apresentada após uma reunião ministerial no dia 20 de janeiro, busca combater a disseminação de informações falsas (fake news) e recuperar a credibilidade de veículos oficiais. Lula estabeleceu que todas as portarias ministeriais deverão ser previamente aprovadas pela Casa Civil para evitar confusões e desinformações. O presidente enfatizou que “nenhum ministro vai poder fazer portaria que depois crie confusão para nós sem que essa portaria passe pela Presidência da República através da Casa Civil.”
Em entrevista ao programa “Bom Dia, Ministro”, da EBC, Rui Costa justificou a medida apontando o impacto das fake news na desinformação global e nos danos à confiança pública. Segundo ele, “mesmo notícias de veículos oficiais hoje estão carentes de credibilidade.” A orientação presidencial exige que qualquer política pública ou regulamentação seja comunicada antes de sua implementação. A estratégia parte do princípio de que “a verdade tem que chegar antes da mentira,” para reduzir a disseminação de informações falsas.
Pix: O poder de desinformar para dominar
Um exemplo destacado foi o tumulto causado por desinformações sobre a ampliação do controle da Receita Federal sobre transações via PIX e cartões de crédito. A norma, anunciada em setembro de 2024 e em vigor desde janeiro de 2025, foi mal interpretada e explorada politicamente pela oposição, gerando acusações infundadas de que o governo pretendia “taxar o PIX.” Esse episódio levou o governo a revogar a medida, o que foi amplamente visto como uma derrota política para Lula e uma vitória simbólica para a oposição, que se beneficiou da mobilização gerada.
Dentro dessa estratégia, Sidônio Palmeira, novo ministro da Secretaria de Comunicação (Secom), apresentou cinco diretrizes para fortalecer a narrativa do governo. Ele destacou que 2025 marca o início de um “segundo tempo” para a gestão de Lula e afirmou que é fundamental superar a narrativa da “herança de destruição” deixada pelo governo Bolsonaro. Sidônio enfatizou que o governo precisa dominar a narrativa e comunicar-se melhor, especialmente em tempos de polarização acentuada e da rápida propagação de desinformação.
Essas diretrizes ganham ainda mais importância diante do chamado “efeito Nikolas”, em referência ao deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), cuja postagem sobre o PIX alcançou curiosamente mais de 300 milhões de visualizações, ultrapassando o próprio Lula no número de seguidores no Instagram. O impacto dessa publicação evidenciou a força das redes sociais como ferramenta política e comunicacional, mas também expôs a dificuldade da base governista em lidar com narrativas adversas.
Para lidar com o desafio, o PT anunciou um curso de capacitação para seus parlamentares e dirigentes sobre estratégia de comunicação e enfrentamento a fake news. A plenária virtual contará com a participação de Sidônio Palmeira e outros líderes, buscando alinhar as ações da base aliada nas redes sociais. O evento ocorre em um momento crítico, no qual a oposição se consolida como um adversário habilidoso no uso das mídias digitais.
A troca no comando da Secom, oficializada no último dia 14, reforça o esforço do governo em corrigir rumos. Publicitário experiente e marqueteiro de Lula na campanha de 2022, Sidônio Palmeira assume com a tarefa de melhorar a comunicação institucional e reverter a percepção pública negativa. Apesar de indicadores econômicos positivos, como o crescimento do PIB e a queda no desemprego, a aprovação ao governo Lula segue aquém do esperado, em torno de um terço, conforme apontam pesquisas recentes.
Rui Costa e Sidônio Palmeira têm pela frente o desafio de transformar as diretrizes em ações práticas e eficazes, enfrentando tanto a oposição nas redes sociais quanto a resistência à mudança dentro do próprio governo. O sucesso dessa estratégia pode redefinir a comunicação política no Brasil e determinar os rumos da gestão Lula nos próximos anos.