Faixas para pets geram polêmica em Barreiras e acendem debate sobre mobilidade e causa animal

Proposta da vereadora Thaislane Sabel para criação de áreas exclusivas de travessia para animais divide opiniões e traz à tona discussões sobre prioridades urbanas e respeito à vida animal

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A proposta da vereadora Thaislane Sabel para implantação de faixas exclusivas para travessia de animais, conhecidas como “faixas pets” ou “patadestres”, provocou ampla repercussão em Barreiras nos últimos dias. A medida, que busca conciliar mobilidade urbana e respeito à vida animal, tem gerado debates intensos sobre prioridades na gestão da cidade e o papel do espaço público na promoção do bem-estar coletivo.

Segundo a ideia que fundamenta a iniciativa, as faixas funcionam como dispositivos de segurança ao alertar motoristas sobre a presença constante de animais em determinadas vias. As pegadas desenhadas no asfalto, marca característica das faixas pets, podem ser comparadas às placas de trânsito em estradas que sinalizam o risco de travessia de animais silvestres — ambas com a função de antecipar comportamentos e evitar acidentes.

A proposta se alinha a experiências já implementadas em outras cidades do Brasil e do mundo, onde o conceito de mobilidade urbana se estende também aos animais que compartilham o território com os humanos. A intenção é criar uma cultura de cuidado e reduzir o número de atropelamentos de cães, gatos e outros diversos pets – comuns em áreas próximas a córregos, rios e vegetações na zona urbana de Barreiras.

Entretanto, a repercussão não foi homogênea. Parte da população critica a iniciativa sob o argumento de que a cidade possui carências estruturais mais urgentes, como falta de calçamento, buracos nas vias e ausência de calçadas acessíveis. Também há questionamentos sobre a efetividade das faixas sem o apoio de campanhas educativas ou medidas complementares de fiscalização.

Para os defensores da medida, porém, a proposta representa mais do que sinalização: é um passo simbólico na construção de uma cidade mais inclusiva e sensível à diversidade de vidas que nela habitam. Especialistas e ativistas da causa animal argumentam que o trânsito deve ser pensado para proteger todos os seus usuários, e que reconhecer a presença dos animais é também reconhecer a complexidade do ambiente urbano.

A prefeitura confirmou apoio à proposta e estuda locais para a instalação das primeiras faixas, que devem ser acompanhadas por placas, orientações educativas e ações voltadas à proteção da fauna. A iniciativa poderá se integrar a políticas públicas mais amplas, como a criação de espaços de lazer pet-friendly e o fortalecimento da rede pública de atendimento veterinário.

Em meio às críticas e defesas, a medida reacende o debate sobre que tipo de cidade Barreiras quer ser: uma cidade funcional apenas para veículos e pessoas, ou uma cidade que acolhe e protege todos os que nela vivem – inclusive os que não falam, mas deixam suas pegadas pelo caminho.

O Caso de Política apoia a iniciativa!

Atropelamentos em números: o alerta dos dados

Dados do Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE), vinculado à Universidade Federal de Lavras (UFLA), estimam que cerca de 450 milhões de animais silvestres morrem atropelados por ano nas estradas brasileiras — uma média assustadora de 15 vidas por segundo. Essas mortes atingem desde pequenos vertebrados até espécies ameaçadas, como onças, tamanduás e antas.

Na Bahia, embora não haja dados detalhados por município, nem para cães e gatos, a Polícia Rodoviária Federal registrou mais de 175 ocorrências envolvendo animais de grande porte, como cavalos e vacas, nas rodovias do extremo sul baiano apenas em 2023. A tendência, segundo especialistas, se repete em outras regiões do estado, inclusive no Oeste, onde há presença frequente de animais nas margens de rodovias e vias urbanas.

A inexistência de estatísticas precisas sobre atropelamentos de animais em Barreiras não elimina o problema, mas reforça a urgência de iniciativas que atuem preventivamente. Para os defensores da proposta, as faixas pets são um alerta visual simples, mas poderoso — uma espécie de placa no chão que diz aos motoristas:

“aqui também atravessa a vida”.

Caso de Política | A informação passa por aqui.

#Barreiras #Patadestres #FaixaPet #MobilidadeUrbana #CausaAnimal #SegurançaAnimal #ThaislaneSabel

Deixe uma resposta