
Número de celular do Paraná foi usado para intimidar funcionários que suspenderam acordos suspeitos; fraudes somam descontos ilegais em milhões de benefícios
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foram alvo de ameaças após impedir a continuidade de descontos ilegais em benefícios previdenciários. As intimidações foram formalmente denunciadas à Polícia Federal (PF), que instaurou dois inquéritos. As investigações, contudo, foram repassadas à PF no Paraná, estado de origem do número de telefone utilizado para os ataques. Três anos depois, os processos foram arquivados sem a identificação dos autores.
Os funcionários ameaçados apontaram que os riscos à segurança surgiram em meio à intensificação da fiscalização de contratos com entidades conveniadas. Segundo relatos, três acordos foram encerrados após constatação de irregularidades e, nos dois meses seguintes, outros dois foram suspensos. As medidas atingiram diretamente o repasse financeiro a associações que promoviam descontos em folha para aposentados e pensionistas sem a devida autorização.
“Foi um reforço na apuração de fraudes. Entendemos que as ameaças foram uma retaliação ao cancelamento desses acordos”, afirmou um dos servidores.
Apesar da gravidade dos fatos e dos depoimentos prestados, a Polícia Federal não convocou representantes das entidades envolvidas, tampouco requisitou documentos ao INSS para aprofundar a investigação.
A fraude denunciada pelos servidores atingiu pelo menos 9 milhões de beneficiários do INSS, de acordo com levantamento do próprio órgão. As vítimas tinham descontadas em seus benefícios contribuições associativas supostamente autorizadas para sindicatos, associações ou entidades de classe. No entanto, apurações da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU) comprovaram que, em muitos casos, os valores foram debitados sem consentimento.
A investigação envolveu o contato com 1.300 beneficiários, dos quais 97% negaram ter autorizado o desconto. Assinaturas foram falsificadas e muitas vítimas sequer tinham conhecimento da existência das entidades que recebiam os valores. A prática, embora proibida sem anuência expressa, se consolidava por meio de convênios entre o INSS e as associações.
O caso, que envolve possíveis crimes contra a administração pública e contra os idosos, terminou sem responsabilização. Para os servidores que denunciaram o esquema, o desfecho representa uma falha institucional grave — tanto na proteção dos próprios trabalhadores quanto na defesa dos segurados do INSS.
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