
Moradores protestam na BR em Barreiras contra o desabastecimento crônico; enquanto isso, na comunidade da Cotia, água jorra há meses de caixa da Embasa sem que a concessionária resolva o problema
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Enquanto famílias no Alphaville, bairro de Barreiras, sofrem com a ausência quase total de abastecimento de água, na comunidade Angélica Aires — popularmente conhecida como Cotia — um desperdício escancarado se repete diariamente há meses: uma caixa de 20 mil litros da Embasa verte água ininterruptamente, sem qualquer providência efetiva da empresa.
Na tarde deste domingo (25), em um ato de desespero e revolta, moradores do Alphaville incendiaram pneus na BR-135, bloqueando parcialmente o trânsito como forma de chamar a atenção da Embasa e das autoridades públicas para o descaso que enfrentam. O protesto escancarou a indignação de famílias que, mesmo após abaixo-assinados, denúncias ao Ministério Público e à Defensoria Pública, continuam sem acesso regular à água potável.
A fala de uma moradora evidencia a gravidade da situação:
“Estamos fazendo esse protesto aqui em frente, na BR, por falta de água. A água, quando vem, não fica nem duas horas de relógio, não está subindo para o reservatório. Reclamamos na Embasa, fizemos abaixo-assinado, colocamos na Defensoria Pública, no Ministério Público, e não tem nem solução. Então estamos aqui querendo água porque é complicado, tem mães, tem crianças, pessoas idosas, doentes, então precisamos de ajuda.”
Caixa dágua na comunidade Cotia vaza a meses e nenhuma profidência é tomada
Enquanto isso, a cerca de 10 km dali, na Cotia, a caixa d’água da Embasa jorra constantemente por um ladrão que nunca para de sangrar. O que poderia ser uma solução para tantas famílias virou símbolo de negligência. Mesmo com um reservatório transbordando dia e noite, moradores – por muitas vezes – ainda precisam se valer de baldes para armazenar água, temendo que o pouco acesso que têm hoje desapareça amanhã.
A situação revela, no mínimo, desorganização e má gestão por parte da Embasa, concessionária responsável pelo fornecimento de água e saneamento básico na cidade. Como justificar o fornecimento precário em uma região e o desperdício escandaloso em outra, sem que medidas concretas tenham sido tomadas em nenhum dos casos?
Quantas denúncias são necessárias para que a Embasa cumpra o papel que lhe é delegado por concessão pública? Onde está a fiscalização da prefeitura de Barreiras? E o papel da Câmara de Vereadores diante de uma crise que atinge duas comunidades com problemas opostos, mas igualmente graves?
A água, direito básico garantido pela Constituição, vem sendo negada na prática a centenas de cidadãos barreirenses. O apelo que parte das ruas é claro e urgente: basta de omissão.
Nota editorial
Quem mora ou voltou a morar em Barreiras sabe o quanto essa cidade tem valor. Quem ama Barreiras não se cala diante do abandono. Dói dizer, mas parece que os políticos locais não sabem — ou não querem — fazer nada direito. Amar Barreiras é também exigir que ela funcione para todos. Que tenha água para as crianças, para os idosos, para as mães. Que tenha respeito com o povo que trabalha, que paga seus impostos e que só quer viver com dignidade. Quem protesta não é inimigo da cidade. É alguém que acredita que ela pode — e deve — ser muito melhor.
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