
Levantamento do Portal Caso de Política aponta a pasta de Infraestrutura como principal alvo, enquanto a baixa quantidade de indicações para Saúde e Educação contrasta com graves denúncias da população e protesto de mães atípicas agendado
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um levantamento exclusivo realizado pelo Portal Caso de Política, com base em 163 indicações protocoladas na Câmara Municipal de Barreiras no período de 03 de janeiro a 09 de junho de 2025, revela que a Secretaria Municipal de Infraestrutura, Obras, Serviços Públicos e Transporte é o destino de mais da metade (50,9%) de todas as cobranças formais feitas pelos vereadores ao Poder Executivo. Os dados escancaram os principais desafios da cidade e concentram uma enorme pressão política e administrativa sobre a pasta.
O estudo analisou as principais categorias de problemas apontados pelos parlamentares. A união das demandas por pavimentação (29,4%), limpeza e saneamento (9,2%), obras estruturantes como pontes e drenagem de águas pluviais (7,4%) e iluminação pública (4,9%) mostra que a secretaria de Infraestrutura é o epicentro das reivindicações populares.
Raio-X das secretarias: quem é cobrado e pelo quê
Atuando como elo entre a população e a Prefeitura, os vereadores formalizam as queixas dos bairros por meio de indicações. Esse instrumento serve como um termômetro das necessidades da cidade, direcionando a cobrança para a secretaria responsável por cada serviço. A distribuição das 163 indicações analisadas revela o seguinte cenário:
- Secretaria de Infraestrutura (50,9%): Com 83 indicações, esta é a pasta mais acionada. É de sua responsabilidade atender às cobranças massivas por asfalto, tapa-buracos, coleta de lixo, capina de mato, cobertura de canais, construção de pontes, passarelas e manutenção da iluminação pública. A alta concentração de pedidos nesta área indica que a infraestrutura básica é, sem dúvida, o maior desafio da gestão municipal na percepção da população e de seus representantes.
- Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer (21,5%): A secretaria recebeu 35 indicações. Os pedidos focam na construção e reforma de praças, quadras poliesportivas e campos de futebol, mostrando uma forte demanda por espaços de convivência e prática esportiva como ferramenta de saúde e inclusão social.
- Secretaria de Segurança Cidadã e Trânsito (12,3%): Com 20 indicações, a pasta é cobrada principalmente para resolver problemas de segurança viária. A instalação de quebra-molas, semáforos e sinalização é a tônica, refletindo a urgência em prevenir acidentes em vias de grande movimento.
- Secretaria de Saúde (6,7%): A pasta foi alvo de 11 indicações. As demandas incluem a construção e reforma de postos de saúde (UBS) e a criação de serviços especializados, apontando necessidades pontuais, mas críticas, no acesso à saúde.
- Secretaria de Educação (5,5%): A secretaria recebeu 9 indicações para construção de creches, escolas e melhorias em estruturas físicas, um número relativamente baixo, sugerindo que as maiores urgências se encontram fora do ambiente escolar direto.
Além dos números: a crise silenciosa na Saúde e Educação
Apesar de a infraestrutura dominar as indicações, o baixo volume de cobranças formais para Saúde e Educação pode mascarar a real dimensão dos problemas nessas áreas. Relatos e movimentos sociais apontam para uma crise que não é totalmente refletida nos documentos da Câmara. A saúde pública enfrenta fortes críticas por falta de medicação, carência de pessoal e dificuldades crônicas na marcação de consultas e exames. Na educação, a queixa se concentra na falta de especialistas para o atendimento de crianças com necessidades específicas.
Segundo as organizadoras do ato, a exclusão de crianças do ambiente escolar por falta de estrutura e a ausência de formação técnica adequada do corpo docente para acolher estudantes atípicos configuram uma “violação diária da Lei Brasileira de Inclusão e da Constituição Federal”.
Na saúde, a luta por dignidade esbarra na carência de especialistas essenciais, como neuropediatras e psiquiatras infantis, gerando filas intermináveis por terapias e tratamentos interrompidos. A situação força muitas famílias a arcar com os custos de viagens para outras cidades ou estados em busca de diagnóstico e laudos, sem qualquer apoio público. O protesto evidencia que, para além dos buracos nas ruas, existem lacunas humanas e estruturais profundas que exigem atenção urgente do poder público.
O caminho da indicação e o papel do vereador
O vereador é a voz da comunidade dentro do Legislativo. O processo para que uma reclamação se torne uma cobrança oficial envolve a coleta da demanda popular, a elaboração da “Indicação” e sua apresentação em plenário. Em seguida, a Câmara a envia ao Executivo, que a repassa à secretaria competente.
Embora a Prefeitura não seja legalmente obrigada a executar uma indicação, o instrumento serve como forte termômetro político. A disparidade entre as demandas registradas oficialmente e os protestos organizados nas ruas sugere que, enquanto a infraestrutura gera muitas queixas visíveis e pontuais, as crises na Saúde e na Educação representam um sofrimento mais profundo e sistêmico para parte da população.
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