
Arthur Ataíde critica métodos sem respaldo científico, judicialização lucrativa e práticas que patologizam a neurodiversidade; para ele, o autismo não é doença, e sim parte da pluralidade humana
Em entrevista ao Congresso em Foco, o ativista autista e estudante de medicina Arthur Ataíde, 21 anos, faz duras críticas ao modelo terapêutico dominante no Brasil para o tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Diagnosticado aos nove anos e militante desde os 10, Arthur denuncia o que chama de “indústria do autismo” — um sistema que, segundo ele, explora famílias emocional e financeiramente, com promessas de cura e intervenções não comprovadas.
O principal alvo das críticas é a ABA (Análise do Comportamento Aplicada), método amplamente utilizado no país. Arthur alega que a abordagem prioriza o lucro em detrimento do cuidado, opera com profissionais despreparados e possui origem em práticas desumanizantes. Ele cita ainda o uso de recompensas como petiscos, punições como o isolamento e pesquisas frágeis sustentadas por viés metodológico. Um parecer técnico do Hospital Sírio-Libanês encomendado pelo Ministério da Saúde também questionaria a robustez científica da ABA.
O ativista alerta para o avanço de terapias sem respaldo, como uso de dióxido de cloro, transplante de fezes e desparasitação, classificando o Brasil como líder latino-americano na propagação de “curas milagrosas”. Segundo ele, muitas dessas práticas perpetuam a ideia de que o autismo é um mal a ser combatido — visão que, além de ultrapassada, fomenta um mercado bilionário de serviços privados, onde sessões semanais podem custar até R$ 50 mil mensais.
No campo da educação, Arthur questiona o uso de acompanhantes terapêuticos (ATs) nas escolas, que, em sua visão, reforçam o viés clínico e segregam alunos. Em vez disso, defende a mediação pedagógica inclusiva, com respeito às diferenças e valorização da convivência plural como base para o desenvolvimento social.
Para ele, a inclusão plena passa por uma transformação profunda de valores: deixar de buscar a cura e, no lugar disso, construir uma sociedade que compreenda e acolha a diversidade neurológica.
“Autismo não é doença. Pessoas autistas merecem viver respeitadas como são — com apoio quando necessário, e autonomia sempre que possível”, afirma.
A entrevista foi publicada em 9 de julho de 2025 no portal Congresso em Foco e pode ser lida na íntegra no link abaixo.
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