
Governo busca excluir alimentos e aeronaves da Embraer da medida imposta por Trump, enquanto senadores tentam sensibilizar Congresso e setor empresarial americano
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A três dias da entrada em vigor da tarifa de 50% sobre exportações brasileiras para os Estados Unidos, o governo federal e o Senado atuam em duas frentes para tentar reverter ou ao menos suavizar os impactos da medida. A sobretaxa, anunciada pelo ex-presidente Donald Trump, abrange setores estratégicos e pode gerar prejuízos estimados em até R$ 175 bilhões na próxima década.
Enquanto uma comitiva de senadores cumpre agenda diplomática em Washington, o presidente Lula (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB) intensificam tratativas com autoridades americanas. O foco principal do Executivo é a retirada de alimentos e aeronaves da Embraer da lista de produtos afetados.
Governo busca preservar setores estratégicos
De acordo com interlocutores do Planalto, Alckmin manteve diálogo direto com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, para assegurar que suco de laranja, café e aviões regionais da Embraer sejam excluídos da tarifa. Esses itens representam parcela significativa das exportações brasileiras e têm forte presença no mercado americano.
O Brasil lidera como principal fornecedor de suco de laranja e café para os EUA. A produção da Embraer também é amplamente integrada à cadeia americana – argumento usado pelo governo para sustentar que a medida pode prejudicar a indústria nos Estados Unidos.
Até o momento, não houve resposta formal da Casa Branca. O governo evita divulgar medidas compensatórias antes da confirmação oficial da tarifa, mas já há uma proposta pronta, com criação de fundo de crédito privado e ações voltadas à preservação de postos de trabalho – aguardando aval do presidente Lula. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reforçou em reunião no dia 28 que “o foco do Brasil é negociar até o último momento” e que o país não espera uma postura unilateral.
“Estamos dialogando pelos canais institucionais e sob reserva”, disse o vice-presidente.
Senado aposta em articulação política e empresarial
Em Washington, uma comitiva de oito senadores liderada por Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, cumpre agenda com parlamentares americanos e gigantes do setor privado, como Cargill, ExxonMobil, Johnson & Johnson e Caterpillar. O grupo busca apoio junto ao Congresso e à Câmara Americana de Comércio para destacar os riscos da tarifa sobre as cadeias produtivas bilaterais.
“Não viemos com bandeira ideológica, viemos com dados e responsabilidade. O ‘não’ nós já temos, viemos correr atrás do ‘sim’”, afirmou Nelsinho Trad.
A missão inclui os senadores:
- Nelsinho Trad (PSD-MS) – presidente da comitiva
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Tereza Cristina (PP-MS)
- Marcos Pontes (PL-SP)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Carlos Viana (Podemos-MG)
- Fernando Farias (MDB-AL)
- Esperidião Amin (PP-SC)
Nesta quarta-feira (30), a programação prevê:
- 8h30: encontro com a Americas Society/Council of the Americas
- 10h15: coletiva na Embaixada do Brasil em Washington com balanço das articulações
Eduardo Bolsonaro sabota missão e pressiona por retaliação
A missão do Senado enfrenta resistência explícita por parte do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA desde março. Ele articula com aliados de Trump para esvaziar a delegação oficial, reivindicando mérito pela tarifa e defendendo que os Estados Unidos não cedam aos senadores brasileiros. Em nota, classificou a missão como “vazia de legitimidade” e afirmou que “não haverá recuo” enquanto o Supremo Tribunal Federal não suspender os processos contra o ex‑presidente Jair Bolsonaro. Governadores aliados como Tarcísio de Freitas (SP), Ratinho Jr. (PR) e Romeu Zema (MG) também foram criticados após tentativas de diálogo com autoridades americanas.
Impactos e riscos para o comércio bilateral
A sobretaxa atinge diretamente segmentos como siderurgia, alimentos processados e aviação. O contexto eleitoral nos EUA – com Trump buscando apoio entre setores nacionalistas – intensifica o risco para o Brasil. A resposta nacional combina diplomacia institucional, articulação política e engajamento do setor privado. A aplicação da tarifa pode desorganizar exportações, encarecer produtos e causar impactos econômicos nos dois países.
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