
BRICS ampliado redefine a ordem mundial com crescimento econômico, população majoritária e influência crescente sobre o Cone Sul, África e o Sul Global
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Com a ampliação do BRICS e a crescente perda de influência dos Estados Unidos e da União Europeia, uma nova ordem global começa a se consolidar. Brasil, China, Rússia e Índia despontam como as potências do século XXI, sustentadas por força econômica, relevância geopolítica, ampliação do mercado consumidor e controle sobre setores estratégicos de energia, tecnologia e alimentos.
O fortalecimento do BRICS – agora incluindo África do Sul, Irã, Etiópia, Egito, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos – amplia ainda mais o alcance político e econômico do bloco. Juntos, esses países já representam mais de 40% da população mundial, cerca de 33% do PIB global em paridade de poder de compra (PPP) e mais de 50% da produção energética global, além de controlarem reservas estratégicas de alimentos, lítio, petróleo, água, gás e terras raras.
Os protagonistas do novo mundo multipolar:
Brasil – Potência Ambiental, Agrícola e Diplomática
- Protagonismo no Cone Sul: Atua como liderança regional, articulando posições conjuntas com Argentina, Bolívia, Venezuela e outros países sul-americanos.
- Potência agroambiental: Um dos maiores exportadores mundiais de grãos, carnes e energia limpa, com vastos recursos naturais e biodiversidade.
- Diplomacia ativa e soberana: Adota uma política externa não alinhada, dialogando com China, EUA, Europa, África e Oriente Médio.
- Defesa da desdolarização: Apoia o uso de moedas locais no comércio internacional e a criação de mecanismos financeiros alternativos.
- Reservas estratégicas: Detentor de riquezas como lítio, petróleo do pré-sal, água doce e matriz energética renovável.
- Ponte entre blocos: Atua no G20, BRICS, COPs e ONU como mediador entre interesses do Norte e do Sul global.
China – Centro Industrial, Tecnológico e Geoestratégico
- Fábrica do mundo: Lidera a produção global de eletrônicos, aço, painéis solares e veículos elétricos.
- Avanço tecnológico: Domina áreas como 5G, inteligência artificial e computação de alto desempenho.
- Nova Rota da Seda: Iniciativa de infraestrutura conecta mais de 60 países da Ásia, Europa e África, redesenhando rotas comerciais.
- Resposta ao tarifaço dos EUA: Reage com retaliações, incentivo à demanda interna e fortalecimento do comércio com o Sul Global.
- Maior parceiro do Brasil e da África: Amplia presença econômica e diplomática no hemisfério sul.
- Aliada estratégica da Rússia: Coordena políticas energéticas, militares e diplomáticas com Moscou em resposta à pressão ocidental.
Rússia – Potência Militar, Energética e Antihegemônica
- Arsenal nuclear e poder militar: Capacidade de dissuasão direta frente à OTAN e aos EUA.
- Exportadora de energia: Fornece gás e petróleo para Ásia, África e países não alinhados ao Ocidente.
- Resistência às sanções: Reorganizou sua economia com foco na autossuficiência e parcerias alternativas.
- Presença crescente na África: Estabelece acordos militares e econômicos com dezenas de países africanos.
- Aliada no BRICS+: Apoia a ampliação do bloco como forma de equilibrar o poder global.
- Pioneira na desdolarização: Reduziu reservas em dólar, promove comércio em rublos e yuan com parceiros estratégicos.
Índia – Potência Demográfica, Tecnológica e Autônoma
- Maior população do mundo: Força de trabalho jovem e numerosa impulsiona crescimento econômico.
- Hub global de TI e farmacêutica: Exportadora de vacinas, medicamentos e serviços digitais.
- Indústria espacial e defesa: Desenvolve satélites, lança foguetes e amplia autonomia militar.
- Neutralidade estratégica: Mantém relações com BRICS, QUAD, EUA e Europa sem subordinação.
- Mercado cobiçado: Atrai investimentos de todas as grandes potências, reforçando seu peso diplomático.
- Papel moderador: Costuma agir como ponte entre o Ocidente e o Oriente em conflitos internacionais.
BRICS: a força do novo bloco global
- População: Os BRICS originais (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) somavam cerca de 3,2 bilhões de pessoas — quase 40% da população mundial. Com os novos membros (Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos), o grupo se aproxima de 4 bilhões de habitantes.
- PIB conjunto (PPP): Já ultrapassou o G7, consolidando-se como o maior bloco econômico do mundo, com mais de 33% do PIB global.
- Reservas internacionais: Detêm mais de 40% das reservas globais de ouro e moedas fortes, com destaque para China e Rússia.
- Potência energética: São responsáveis por mais de 30% da produção mundial de petróleo, além de gás natural, carvão e energias renováveis.
- Desdolarização em curso: Aceleram o uso de moedas locais no comércio bilateral e discutem a criação de uma moeda comum, desafiando a hegemonia do dólar.
- Influência política global: Atuam de forma coordenada em temas como reforma do Conselho de Segurança da ONU, mudanças climáticas, governança da internet, regulação da inteligência artificial e comércio justo.
- Presença continental com África do Sul: A inclusão da África do Sul desde 2010 e de Etiópia e Egito em 2024 amplia a representatividade africana no bloco, assegurando voz do continente nos principais fóruns internacionais.
Declínio dos EUA e da Europa: sanções, tarifações e isolamento
A atual política tarifária dos EUA – com taxas infladas sobre importações estratégicas ao mundo – mostra uma tentativa de proteger seu parque industrial em decadência. No entanto, isso acelera a formação de novas cadeias comerciais independentes de Washington, sobretudo dentro do BRICS e do Sul Global.
Além disso, o dólar perde influência, à medida que novos acordos comerciais são feitos em moedas locais. O Fed enfrenta ainda a fragilidade fiscal doméstica, o aumento da dívida pública e a polarização interna, que limita sua atuação no cenário internacional.
Na Europa, a dependência do gás russo rompida pela guerra na Ucrânia, somada ao aumento dos custos industriais e à perda de mercados na Ásia e na África, empurra economias como Alemanha e França para a estagnação. A rejeição social às agendas da OTAN e a falta de autonomia estratégica em política externa corroem a influência europeia.
A transição de poder global está em curso. O BRICS ampliado se consolida como o principal motor de uma nova geopolítica, marcada pela descentralização do poder, desdolarização, maior autonomia regional e reforço à soberania dos países do Sul Global. Enquanto isso, os Estados Unidos e a União Europeia enfrentam os limites de sua hegemonia, e o mundo assiste ao nascimento de um século multipolar.
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