Ex-deputada bolsonarista foi localizada na capital italiana com apoio de parlamentar europeu; extradição pode levar meses, e seu nome já consta na lista da Interpol
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A ex-deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), figura emblemática do bolsonarismo, foi presa nesta terça-feira (29) em Roma, na Itália, segundo confirmou o Ministério da Justiça do Brasil. Foragida desde que teve o mandato cassado e foi condenada a 10 anos e 8 meses de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Zambelli passou a ser procurada internacionalmente por envolvimento em ataques cibernéticos ao Judiciário brasileiro.
A detenção ocorreu após a localização do paradeiro da ex-parlamentar ser divulgada por Angelo Bonelli, deputado italiano do partido Europa Verde. “Carla Zambelli está em um apartamento em Roma. Forneci o endereço à polícia. Neste momento, a polícia está identificando Zambelli”, escreveu Bonelli nas redes sociais ainda na manhã de terça.
Zambelli havia deixado o Brasil após a condenação e se instalou na Itália, país do qual também possui cidadania. Desde 11 de junho, o STF formalizou o pedido de extradição ao governo italiano. No entanto, o processo ainda depende de trâmites legais e de decisão política entre os dois países, o que pode atrasar um eventual retorno da ex-deputada ao Brasil.
A ex-parlamentar foi condenada por participação em organização criminosa digital, envolvida na invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em um esquema que, segundo o STF, visava desestabilizar instituições democráticas. A Primeira Turma da Corte rejeitou por unanimidade o recurso da defesa, e a decisão transitou em julgado, não permitindo mais contestação.
Com o mandato cassado e o nome incluído na lista vermelha da Interpol, Zambelli ainda tentou se manter formalmente ligada à Câmara dos Deputados por meio de uma licença de 127 dias por “interesse particular”. Durante esse período, a cadeira passou a ser ocupada por seu suplente, o Coronel Tadeu (PL-SP), que já foi empossado.
Apesar da prisão, o desfecho ainda dependerá da disposição do governo italiano em autorizar a extradição. Enquanto isso, o caso ganha contornos diplomáticos e reforça a crescente cooperação internacional em crimes contra a ordem institucional.
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