
Ferramenta combina geotecnologia, inteligência artificial e escuta social para identificar desmates em tempo real; região oeste concentra os piores índices da Bahia
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Durante a edição do PGJ Itinerante realizada nesta quarta-feira (10), em Barreiras, o Ministério Público da Bahia apresentou o projeto Terra Protegida, uma iniciativa voltada à intensificação do combate ao desmatamento, com foco especial na região oeste do estado — apontada como uma das mais críticas do país na perda de vegetação nativa.
Segundo o promotor de Justiça Augusto César Carvalho de Matos, coordenador do Centro de Apoio às Promotorias de Meio Ambiente e Urbanismo (Ceama), cinco municípios do oeste baiano estiveram entre os que mais desmataram o bioma cerrado em 2023, conforme dados do Relatório Anual do Desmatamento, do MapBiomas. Em 2021, sete municípios da região já haviam figurado entre os 50 maiores desmatadores do Brasil.
O Terra Protegida busca inverter essa tendência ao utilizar recursos de geotecnologia e inteligência artificial para monitorar em tempo quase real os focos de desmate, identificar responsáveis por infrações ambientais e subsidiar ações do Ministério Público. “É uma ferramenta primordial ao combate do desmatamento e enfrentamento das mudanças climáticas, garantindo a preservação do bioma para as próximas gerações”, afirmou Augusto Matos.
Uma das inovações do projeto é a criação de um painel de consulta pública que mostra a evolução da cobertura vegetal na Bahia, com estimativas alarmantes: o estado perde, diariamente, o equivalente a 400 campos de futebol em vegetação nativa. O sistema foi projetado para tornar a repressão mais ágil e eficaz, oferecendo também subsídios técnicos para decisões judiciais e administrativas.
Outro diferencial é a inclusão da escuta social na estrutura do Terra Protegida, permitindo que vozes de comunidades locais, ambientalistas e outros atores sociais sejam incorporadas ao diagnóstico e à construção de estratégias de enfrentamento ao desmatamento. A proposta é que o conhecimento técnico e o saber popular atuem de forma integrada.
A apresentação do projeto em Barreiras faz parte de uma mobilização mais ampla do Ministério Público baiano para ampliar sua presença nos territórios e consolidar estratégias de enfrentamento às emergências ambientais. O oeste da Bahia, epicentro da produção agrícola no estado, tornou-se também uma das maiores frentes de conflito ambiental, em que a preservação do cerrado se choca com a expansão do agronegócio.
Com o Terra Protegida, o Ministério Público busca romper essa lógica de avanço destrutivo com ações sustentadas em tecnologia, transparência e participação popular.
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