
Presidente da Câmara afirma ter recebido denúncias que indicam repasses irregulares de áreas públicas, favorecimento político e emissão de documentos por servidores; requerimento para investigação já conta com assinaturas suficientes
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em um dos pronunciamentos mais enfáticos da sessão da Câmara Municipal de Barreiras desta terça-feira (1º), o presidente da Casa, vereador Yure Ramon, trouxe à tona denúncias que, segundo ele, apontam para possíveis irregularidades no setor de regularização fundiária do município. O parlamentar relatou ter recebido um ofício assinado por outros vereadores e relatos de cidadãos que se sentem prejudicados, sugerindo, entre outras coisas, a transferência de áreas públicas para nomes ligados a pessoas com influência política.
“Não estou afirmando nada, mas ouvindo e colhendo os fatos. As denúncias indicam que terrenos públicos estão sendo registrados sem identificação do dono e, em três meses, aparecem em nome de terceiros. Além disso, há menção a servidores que estariam emitindo documentos particulares para outros”, relatou o presidente da Câmara.
A denúncia se estende também a loteamentos particulares. De acordo com Yure, há indícios de barganhas envolvendo liberação de quadras inteiras em nome de terceiros, o que, se confirmado, pode configurar uso indevido da função pública para benefício privado.
“Se os fatos se confirmarem, poderemos estar diante de algo histórico. Pela primeira vez esta Casa poderá abrir uma CPI para apurar responsabilidades”, afirmou, destacando que o requerimento para a instalação da comissão já conta com as sete assinaturas exigidas pelo Regimento Interno.
Yure fez questão de frisar que não está julgando ou acusando ninguém, mas reforçou que a Câmara tem responsabilidade institucional para apurar qualquer denúncia que envolva possíveis prejuízos ao patrimônio público.
“Não apontarei o dedo sem provas, mas também não me furtarei do meu papel. Vamos investigar com responsabilidade. Se houver fundamento, tomaremos as providências necessárias, inclusive com envio ao Ministério Público”, disse.
A fala gerou reações. Em aparte, outra vereadora reforçou a gravidade das denúncias, afirmando que práticas semelhantes já teriam ocorrido no passado e parabenizou Yure pela iniciativa de trazer o tema à tribuna.
“Não é de hoje que ouvimos falar de situações como essa. É preciso dar um basta. A população precisa de respostas”, afirmou.
O discurso de Yure foi além da denúncia: ele reforçou que, enquanto presidente da Câmara, está comprometido com a defesa das áreas públicas e da integridade do processo legislativo. Ainda assim, adotou tom cauteloso ao reconhecer que o momento exige serenidade.
“Se as pessoas que nos procuraram estiverem certas, iremos adiante. Caso contrário, saberemos recuar com a mesma responsabilidade”, ponderou.
O vereador encerrou sua fala com um relato pessoal e simbólico, ao citar uma promessa feita ao Senhor dos Aflitos — um local de devoção em Barreiras —, à qual retornou após ser eleito presidente da Câmara. A menção, embora íntima, foi interpretada por alguns colegas como expressão de um compromisso espiritual com o cargo e com a ética pública.
O andamento da possível CPI e a postura dos demais vereadores nos próximos dias serão decisivos para o desdobramento das apurações. A depender das provas que surgirem, o caso pode trazer à tona questões sensíveis sobre regularização fundiária, influência política e transparência na gestão pública municipal.
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