
Foto: UFOB
Gilvana Gomes Pimentel se torna a primeira aluna surda a ingressar e concluir o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades da UFOB; defesa autobiográfica expôs desafios da escolarização e afirma a potência da inclusão no ensino superior público
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), em Barreiras, viveu um marco histórico nesta segunda-feira (4). A estudante Gilvana Gomes Pimentel, do curso de Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades, tornou-se a primeira pessoa surda a ingressar e concluir a graduação na instituição, com a defesa de seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), aprovado com nota máxima.
O trabalho, intitulado “Mãos cansadas: memorial de uma estudante surda sobre a sua experiência de escolarização”, foi construído a partir de uma narrativa autobiográfica na qual Gilvana relata, em primeira pessoa, os desafios enfrentados ao longo de sua trajetória desde a Educação Básica até o Ensino Superior. Mais do que um relato pessoal, a pesquisa expõe o percurso de resistência diante da exclusão sistêmica, da falta de intérpretes e da ausência de metodologias sensíveis às especificidades da comunidade surda.
Com orientação do professor Claudemir Teixeira, a estudante escreveu todo o conteúdo manualmente, em caderno e com estrutura gramatical da Língua Brasileira de Sinais (Libras), sua primeira língua. Posteriormente, o material foi transcrito e formatado conforme as normas acadêmicas da Língua Portuguesa — um processo que, por si só, evidencia a complexidade e a riqueza da produção de conhecimento bilíngue no meio acadêmico.
A banca avaliadora foi composta pela professora Anne Gabriele Lima Sousa de Carvalho, do Centro das Humanidades, e pelo professor Theo Araújo Santos, do Centro das Ciências Biológicas e da Saúde. Ambos destacaram a densidade intelectual do trabalho e a potência simbólica de sua realização, não apenas para a comunidade surda, mas para toda a universidade.
A conquista de Gilvana marca um passo importante para a democratização do acesso ao ensino superior e reforça a urgência de políticas públicas efetivas de inclusão e permanência. Sua trajetória revela como a universidade pode ser espaço de transformação quando se compromete com a diversidade e a acessibilidade. Em tempos em que os direitos das pessoas com deficiência ainda sofrem retrocessos, a defesa de Gilvana é também um gesto político: o de existir, resistir e ocupar com dignidade todos os espaços que historicamente lhe foram negados.
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