
Pesquisa Dieese/Conab aponta queda nos preços de alimentos em 24 capitais, puxada pelo tomate e arroz, mas salário mínimo ideal permanece quase cinco vezes acima do piso. Governo projeta mínimo de R$ 1.631 para 2026, enquanto especialistas defendem políticas complementares
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um alívio temporário no orçamento familiar, mas insuficiente para acompanhar o ritmo do custo de vida. Esse é o cenário revelado pela Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Em agosto, os preços dos alimentos básicos recuaram em 24 das 27 capitais brasileiras, com destaque para o tomate e o arroz. Paralelamente, a projeção do governo para um salário mínimo de R$ 1.631 em 2026 reacende o debate sobre o poder de compra da população e a necessidade de políticas públicas além do reajuste salarial.
Tomate e arroz lideram queda, mas nem todas as capitais sentiram alívio
O levantamento Dieese/Conab indica que a redução dos preços da cesta básica foi impulsionada principalmente pelo tomate, que caiu em 25 das 27 capitais, e pelo arroz agulhinha, com recuos expressivos. Brasília registrou a maior queda no tomate (-26,8%), enquanto Macapá (-8,7%) e Florianópolis (-5,7%) lideraram a diminuição do arroz.
Nem todas as cidades, porém, sentiram o mesmo alívio. Capitais do Norte, como Macapá, Palmas e Rio Branco, registraram aumento no custo da cesta básica, refletindo a complexidade do cenário inflacionário.
Cesta básica: maiores quedas e aumentos em agosto de 2025
Maiores Quedas (%) | Capitais |
-4,1% | Maceió |
-4,0% | Recife |
-4,0% | João Pessoa |
-3,7% | Natal |
Aumentos (%) | Capitais |
0,9% | Macapá |
0,6% | Palmas |
0,02% | Rio Branco |
Disparidades regionais persistem
A pesquisa evidencia ainda disparidades regionais no custo de vida. São Paulo mantém a cesta básica mais cara do país, refletindo altos custos em moradia, transporte e alimentação. Cidades do Nordeste apresentam os menores valores, mas isso não significa acesso mais fácil aos alimentos, já que a renda média local também é inferior.
Cesta básica: capitais mais caras e mais baratas em Agosto de 2025
Mais Caras | R$ |
São Paulo | 850,84 |
Florianópolis | 823,11 |
Porto Alegre | 811,14 |
Rio de Janeiro | 801,34 |
Mais Baratas | R$ |
Aracaju | 558,16 |
Maceió | 596,23 |
Salvador | 616,23 |
Natal | 622,00 |
Salário mínimo proposto para 2026: avanço insuficiente
O governo projeta salário mínimo de R$ 1.631 para 2026, baseado na fórmula de valorização que considera inflação e crescimento do PIB, garantindo um ganho real em relação ao piso atual. Apesar disso, a diferença em relação ao valor necessário para suprir despesas básicas permanece enorme.
O Dieese estima que, em agosto, o salário mínimo necessário para sustentar uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 7.147,91, quase cinco vezes o valor do piso. Essa disparidade evidencia a urgência de políticas públicas que vão além do reajuste salarial, contemplando áreas como habitação, saúde, educação e transporte.
Salário Mínimo: Projeção Versus Necessidade Real
Item | Valor (R$) |
Salário Mínimo 2025 | 1.518 |
Salário Mínimo Proposto 2026 | 1.631 |
Salário Mínimo Necessário (Dieese – Ago/25) | 7.147,91 |
Quais fatores explicam a queda e o custo elevado?
Especialistas indicam que a queda pontual em alguns alimentos se deve a safras maiores, menor demanda externa e ajustes na cadeia de produção e distribuição. No caso do tomate, maior oferta no mercado resultou em preços mais baixos para o consumidor.
Já o alto custo de vida é consequência de fatores estruturais, como inflação persistente, custos elevados de moradia e transporte nas grandes cidades e desigualdade social.
Próximos passos: políticas públicas além do reajuste
O cenário atual exige ações complementares para ampliar o poder de compra da população. Entre as medidas sugeridas estão:
- Apoio à agricultura familiar
- Estímulo à produção regional de alimentos
- Controle da inflação
- Políticas de geração de emprego e renda
- Investimentos em serviços públicos essenciais
A queda nos preços da cesta básica traz alívio temporário, mas não elimina o desafio de garantir um salário mínimo condizente com as necessidades básicas. O debate sobre políticas públicas para enfrentar o custo de vida elevado e a desigualdade social permanece urgente.
Caso de Política | A informação passa por aqui.
#CestaBasica #Precos #Inflacao #Alimentos #Economia #SalarioMinimo #Orcamento2026 #PoderDeCompra #Brasil