
Ato contra PEC da Blindagem e PL da Anistia, em Copacabana — Foto: Julia Aguiar
Manifestações em capitais do país mobilizaram dezenas de milhares contra a PEC da Blindagem e a anistia aos golpistas de 8 de janeiro. Levantamento indica 83% de rejeição evidenciando erro estratégico da extrema direita e desgaste do bolsonarismo
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Milhares de brasileiros ocuparam as ruas neste domingo (21) em várias capitais para protestar contra a chamada “PEC da Blindagem” e o projeto de anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. Os atos, que reuniram artistas, movimentos sociais e cidadãos de diferentes espectros políticos, expuseram o isolamento crescente do bolsonarismo e revelaram o erro estratégico do Centrão e da extrema direita ao insistirem em pautas vistas como afronta à democracia.
A repercussão negativa da proposta também ecoa no ambiente digital. Segundo levantamento do instituto Quaest, realizado entre 16 e 19 de setembro, 83% das 2,3 milhões de menções à PEC nas redes sociais foram críticas, alcançando em média 44 milhões de perfis por hora. O dado reforça a sintonia entre o que se viu nas ruas e a percepção online.
Manifestantes fazem protesto ao Masp, na Avenida Paulista, contra a PEC da Blindagem e o Projeto de Anistia — Foto: Reprodução/TV Globo
Em São Paulo, a manifestação na Avenida Paulista reuniu cerca de 42,4 mil pessoas, de acordo com estimativa do Monitor do Debate Político do Cebrap em parceria com a ONG More in Common, que utiliza metodologia da USP.
Manifestação em Copacabana. Foto: Reprodução das Redes Sociais
No Rio de Janeiro, o ato em Copacabana levou 41,8 mil às ruas, com a presença de nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil, símbolos da resistência cultural e democrática.
Os manifestantes se concentraram no Morro do Cristo e seguiram o protesto pela avenida Oceânica – Lorena Andrade/Brasil de Fato
Em Salvador, dezenas de milhares se mobilizaram no protesto que contou com a participação de Daniela Mercury, dos atores Wagner Moura e Nanda Costa, além do Cortejo Afro, Baco Exu do Blues e Lan Lahn, reforçando o caráter cultural e plural da manifestação baiana.
Além de São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador, manifestações contra a PEC que ficou conhecida como PEC da Blindagem e da Impunidade também ocorreram em Manaus (AM), Belém (PA), Natal (RN), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF) e São Luís (MA), em outras 12 capitais brasileiras e em diversas cidades do mundo, ampliando a dimensão do protesto contra a impunidade.
Os números são comparáveis aos registrados em recentes atos pró-Bolsonaro, mas em nossa análises, apontam que a diversidade social e política dos protestos contra a PEC revela uma mobilização ascendente, em contraste com o esvaziamento gradual das bases bolsonaristas. A insistência em defender anistia a golpistas e blindagem parlamentar e ataques a soberania nacional encabeçadas por Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo vem sendo considerada um “tiro no pé” da extrema direita.
A PEC da Blindagem, que limita a responsabilização de parlamentares por crimes cometidos no exercício do mandato, é classificada como retrocesso e ameaça ao equilíbrio democrático. Já o projeto de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro encontra resistência ainda maior: para grande parte da sociedade, “passar a borracha” sobre crimes contra a democracia significaria institucionalizar a impunidade.
As manifestações mostraram que o discurso em defesa da justiça e da responsabilização une diferentes setores, tornando-se uma pauta de caráter nacional. Para muitos analistas, a estratégia do Centrão e de figuras bolsonaristas como Eduardo Bolsonaro tende a cobrar um preço alto, inclusive nas próximas eleições.
Com a pressão crescente das ruas e das redes, o Congresso Nacional se vê diante de uma resistência popular que pode ser decisiva para barrar a PEC da Blindagem e o projeto de anistia, garantindo que os ataques à democracia não fiquem sem punição.
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