
PF prende Daniel Vorcaro, dono do Banco Master — Foto: Reprodução
Diretor-geral da PF afirma que esquema investigado movimentou valores gigantescos; Vorcaro é detido em jato particular, BRB entra no foco e liquidação extrajudicial paralisa qualquer negociação de venda
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Polícia Federal prendeu na segunda-feira (17), no aeroporto de Guarulhos, o empresário Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, quando ele se preparava para embarcar em um jato particular com destino a Malta. A detenção foi antecipada após a corporação identificar risco concreto de fuga em meio ao aprofundamento das investigações da Operação Compliance Zero.
Horas depois, nesta terça-feira (18), o Banco Central decretou a liquidação extrajudicial do Master e bloqueou os bens de todos os controladores e ex-administradores, encerrando automaticamente as negociações de venda da instituição — inclusive o acordo anunciado na véspera com o grupo Fictor, que previa um aporte emergencial de R$ 3 bilhões por investidores dos Emirados Árabes Unidos.
A investigação ganhou nova dimensão após o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, afirmar, em depoimento à CPI do Crime Organizado no Senado, que as fraudes podem ter movimentado cerca de R$ 12 bilhões. Segundo ele, o esquema envolvia a criação de títulos de crédito falsos, mascarados como empréstimos ou ativos a receber, posteriormente negociados com outras instituições financeiras como se fossem operações legítimas.
Durante as primeiras ações da operação, Rodrigues relatou que a PF apreendeu R$ 1,6 milhão em espécie na casa de um único investigado e confirmou a execução de várias prisões. A operação cumpre sete mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia e Distrito Federal.
O caso também atingiu o BRB – Banco Regional de Brasília. O presidente da instituição, Paulo Henrique Costa, e o diretor de Finanças e Controladoria, Dario Oswaldo Garcia Júnior, foram afastados e são investigados por participarem de negociações relacionadas ao Master. Ambos afirmam, por meio de nota, que o banco sempre agiu em conformidade com normas de compliance e prestou informações regulares ao Ministério Público Federal e ao Banco Central.
Esquema financeiro e risco sistêmico
A PF apura que instituições envolvidas criavam operações fictícias, simulavam empréstimos e revendiam carteiras inteiras de dívidas fabricadas. Após a contabilização dessas operações, os ativos fraudulentos eram substituídos por outros sem avaliação técnica adequada — dinâmica capaz de inflar artificialmente balanços e mascarar riscos.
A liquidação extrajudicial decretada pelo BC inclui a Master Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Imobiliários. A condução do processo ficará a cargo da empresa EFB Regimes Especiais, tendo Eduardo Felix Bianchini como responsável técnico.
Crise anunciada
O Master vinha chamando atenção pelo apetite agressivo na captação de recursos, oferecendo rendimentos de até 140% do CDI — valores muito acima da média de bancos médios e pequenos, geralmente entre 110% e 120%. A atuação com precatórios e a emissão de títulos em dólar que não tiveram adesão aumentaram as suspeitas sobre a real solidez do grupo.
Tentativas anteriores de venda, como as negociações com o BRB, contaram com forte articulação política, mas recuaram após reação pública contrária à aquisição de um banco em crise. A compra anunciada pelo grupo Fictor também perdeu validade com a intervenção do Banco Central.
Caso de Política | A informação passa por aqui.
#BancoMaster #ComplianceZero #FraudeFinanceira #PolíciaFederal #DanielVorcaro #BancoCentral #BRB #CrimeOrganizado #LiquidaçãoExtrajudicial






