
Em vídeo divulgado nesta quinta-feira (06), Larissa Barbosa atribuiu a ausência de 7,4 mil pacientes à falta de compromisso, mas internautas reagiram apontando demora que chega a anos para realização de exames e cirurgias, obrigando muitos a recorrer ao serviço privado ou buscar atendimento em outros estados
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A secretária municipal de Saúde de Barreiras, Larissa Barbosa, divulgou nesta quinta-feira (06) um vídeo em suas redes sociais no qual afirma que mais de 7,4 mil pacientes deixaram de comparecer a procedimentos previamente agendados entre janeiro e setembro de 2025. Gravada na Central Integrada de Regulação, a secretária destacou que o espaço é um dos equipamentos mais importantes do município, responsável pela regulação municipal e intermunicipal, pelo tratamento fora do domicílio e pelo agendamento de cirurgias eletivas e de alta complexidade.
No vídeo, Larissa declarou:
“De janeiro a setembro de 2025, mais de 7.400 pacientes faltaram a procedimentos previamente regulados, não só pela Central, mas também pelos postos de saúde do nosso município. Esse dado é bastante alarmante, e a gente está aqui para pedir a sua colaboração. Então, por favor, se você fez um agendamento prévio, compareça ou comunique previamente. Isso otimiza o trabalho da Central de Regulação e não prejudica outras pessoas. Reflita e nos ajude a fazer um atendimento cada vez mais humanizado à nossa população.”
Apesar do tom informativo e do apelo à consciência dos pacientes, a fala da secretária revela apenas parte da realidade. Embora o problema das ausências exista, o vídeo omite fatores estruturais que também contribuem para as falhas no sistema – como a demora no agendamento de exames, a falta de médicos especialistas e as longas filas de espera para cirurgias eletivas e atendimentos básicos. Em Barreiras, há casos em que procedimentos simples levam meses para serem realizados, enquanto outros, demoram até anos. A responsabilização direta do cidadão, sem mencionar as dificuldades enfrentadas dentro da rede municipal, acabou sendo vista por muitos como uma meia verdade.
Nas redes sociais, a reação foi imediata. Diversos usuários do SUS relataram que, ao contrário do que sugeriu Larissa Barbosa, as ausências muitas vezes decorrem da própria lentidão do sistema, e não da falta de compromisso dos pacientes. Em comentários publicados nas redes sociais, usuários afirmaram que consultas são marcadas com meses de espera e, quando finalmente agendadas, acabam canceladas ou remarcadas sem aviso prévio. Outros apontaram que a falta de transporte adequado também é uma das causas frequentes para a não realização de exames e procedimentos.
Um internauta resumiu o sentimento de parte da população ao afirmar que “a secretária fala como se fosse culpa do povo, mas não mostra quantas pessoas ficam meses, até anos, esperando por uma consulta que depois é cancelada”. Outro lembrou que “muitos pacientes não comparecem simplesmente porque não têm como chegar ao local, já que o transporte municipal falha constantemente, e quando conseguem, às vezes o exame é reagendado”. Há ainda quem relate que, diante das urgências, pacientes acabam recorrendo ao serviço privado ou se deslocando para outras cidades e até outros estados em busca de atendimento mais rápido.
As manifestações virtuais revelam que o problema vai além da ausência dos pacientes – está na engrenagem da regulação, que não tem funcionado de forma eficiente e previsível. O episódio expôs uma tensão recorrente entre a gestão e a população usuária do SUS em Barreiras, onde a cobrança por eficiência do sistema convive com relatos de precariedade, lentidão e frustração. A tentativa de sensibilizar os pacientes acabou abrindo espaço para um novo debate: até que ponto a Secretaria de Saúde tem feito sua parte para evitar as ausências que tanto critica?
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