Vereadora afirma que professores enfrentam nove anos de perdas, denuncia falta de transparência no uso das sobras do Fundeb e propõe audiência pública com prefeito e secretário de Educação
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A vereadora Carmélia da Mata fez um dos discursos mais duros da sessão desta semana da Câmara Municipal de Barreiras ao cobrar o rateio das sobras do Fundeb, criticar a atual gestão pela falta de diálogo e denunciar o que classificou como perda de direitos acumulada ao longo de nove anos. Diante de uma plateia formada majoritariamente por professores, Carmélia afirmou que a categoria enfrenta retrocessos e falta de compromisso do Poder Executivo com a educação.
Logo no início, a vereadora disse estar emocionada por ver os professores retornarem ao plenário após “nove anos de dificuldades”, citando a perda do plano de cargos e salários e a ausência de avanços desde então.
“A vida do professor não é muito fácil. Todas as vezes que precisamos buscar algum direito tem que ser muita luta”, declarou.
Carmélia também lembrou a retirada da eleição direta para dirigentes escolares e o não pagamento do precatório do Fundef, comparando essas perdas às incertezas atuais sobre o rateio do Fundeb.
“Isso demonstra que eu não sei até que ponto vai o compromisso dos gestores com a educação do município de Barreiras.”
A vereadora afirmou que, mesmo diante da falta de diálogo do governo, os professores também precisam assumir responsabilidades quando aceitam realizar eventos como laranjinhas, brechós e festas juninas para arrecadar fundos.
“Com tanto dinheiro que se tem na educação, nós somos responsáveis. Eu quero ser a juíza de vocês – juíza que não se completa com dinheiro público.”
Ela destacou sua trajetória de quase 30 anos ao lado da categoria, afirmando ter conquistado aliados e adversários por causa de suas posições. Demonstrou preocupação com a previsão de reajuste do piso nacional do magistério para o ano seguinte, que segundo ela pode ficar abaixo de 1%, e alertou para o impacto caso o rateio não seja pago.
“Se perdermos agora esse rateio, teremos um prejuízo incalculável.”
Carmélia também defendeu o retorno das eleições para diretores escolares e fez críticas diretas à presença de agentes políticos dentro das unidades de ensino.
“As escolas hoje têm dono, têm proprietários que adentram as escolas para humilhar meus colegas.”
A vereadora relatou uma visita recente a Bom Jesus da Lapa, onde diz ter observado práticas opostas às de Barreiras, citando que lá, segundo o prefeito Eudes Ribeiro, o município contemplou professores, porteiros e faxineiros no rateio dos recursos da educação.
“É tanto dinheiro que a gente vai contemplar toda a categoria”, teria lhe dito o gestor.
Em contraste, Carmélia acusa a administração de Barreiras de falta de transparência:
“Ficamos sem resposta. Será que não é com dinheiro do rateio que estão pagando tudo o que saiu no Diário Oficial?”
A vereadora fez referência ao passado, cobrando que o atual prefeito não repita práticas de gestões anteriores.
“Tirou direitos, não pagou precatórios, não valorizou, não respeitou a categoria.”
Carmélia disse que a Câmara deve alterar a Lei Orgânica para retirar entraves que impedem projetos que gerem despesas e reforçou que a Casa está aberta ao debate público.
“Essa casa hoje é do povo, é do professor.”
Ao final, voltou a afirmar que acompanhará a categoria, mesmo fora do cargo, se necessário:
“O cargo de vereadora não me envaidece em absolutamente nada.”
Ela sugeriu que a Câmara convoque o prefeito e o secretário de Educação para uma audiência pública sobre as sobras do Fundeb e alertou para o risco de desvio dos recursos:
“Meu medo é do desvio dessa sobra. Qual foi o dinheiro? Por que tantas cidades têm sobras e Barreiras não?”
Encerrando, Carmélia reforçou que a luta precisa continuar, mesmo próximo ao fim do ano.
“A sobra é de vocês. Vamos para a luta. Não vamos esmorecer. Meu boa noite e muito obrigada.”
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