Caso de Política com informações da EBC – O litoral nordestino, conhecido por sua beleza natural exuberante, enfrenta agora uma ameaça crescente e preocupante: o branqueamento dos corais. Uma pesquisa realizada na região de Tamandaré (PE), dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais, revelou um panorama desolador. Os corais-de-fogo (Millepora sp.), espécies particularmente sensíveis, estão sofrendo um branqueamento severo, conforme aponta a cientista da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Beatrice Padovani.
“A situação é alarmante. O branqueamento já atingiu um estágio bastante avançado nas espécies mais suscetíveis. Mesmo aquelas consideradas mais resistentes estão começando a demonstrar sinais preocupantes”, destaca Beatrice, que lidera o Programa Ecológico de Longa Duração Tamandaré Sustentável (Pels-Tams), responsável pelo monitoramento da região costeira.
Recentemente, relatos surgiram indicando que o fenômeno do branqueamento está se alastrando por outros pontos do Nordeste, como Porto de Galinhas (PE) e a costa de Sergipe, aumentando ainda mais a apreensão quanto à saúde dos recifes.
Os corais, delicados invertebrados marinhos, mantêm uma relação simbiótica crucial com as algas zooxantelas, que lhes fornecem nutrientes e contribuem para sua coloração vibrante. Entretanto, quando as temperaturas do mar se elevam, as algas abandonam os corais, deixando-os pálidos e suscetíveis ao branqueamento. Embora possam sobreviver temporariamente se alimentando de outras fontes, sua vulnerabilidade aumenta, tornando-os mais propensos a doenças e até mesmo à morte.
“O branqueamento é um fenômeno complexo, mas sua ocorrência em larga escala geralmente está associada a anomalias térmicas, quando a temperatura do mar ultrapassa os limites considerados normais”, explica a pesquisadora. “Monitoramos de perto a extensão desse evento e seu impacto na população de corais. Quando mais de 50% são afetados, caracterizamos como um branqueamento em massa”.
O alerta para um possível branqueamento em massa não é isolado. A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos emitiu recentemente comunicados preocupantes, indicando uma probabilidade significativa de ocorrência desse fenômeno em diversas partes do mundo nos próximos meses.
“Estamos enfrentando uma série de eventos de branqueamento com uma frequência cada vez maior nos últimos anos. Em 2016, 2019, 2020 e agora em 2024, observamos esses episódios se tornarem mais frequentes, intensos e persistentes. Os corais estão nos enviando um sinal claro sobre as mudanças climáticas que afetam não apenas os ecossistemas marinhos, mas todo o planeta”, ressalta a pesquisadora. “Este é um alerta crucial para a humanidade”.
Além de abordar diretamente as mudanças climáticas, que desempenham um papel fundamental no aumento das temperaturas dos oceanos, medidas preventivas são urgentemente necessárias para preservar a saúde dos recifes de corais. Isso inclui a redução do despejo de esgoto no mar, o combate ao uso excessivo de plásticos e a proteção de ecossistemas associados, como os manguezais e as restingas, que desempenham um papel vital na sustentabilidade dos recifes de corais.
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