O rombo que Zito Barbosa deixará nos cofres públicos constitui uma autêntica herança maldita
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Nesta terça-feira, 09 de julho, o economista e professor Jorge Lélis* concedeu uma entrevista à rádio Oeste FM, abordando a grave situação financeira de Barreiras. A conversa elucidou o endividamento do município, que já ultrapassa a marca de um bilhão de reais, e suas implicações para futuras administrações.
Jorge Lélis explicou que o prefeito Zito fez um empréstimo autorizado pela Câmara no valor de 40 milhões de reais para a construção de um hospital. Além disso, houve tentativas de empréstimos de 60 milhões e 10 milhões, que foram negadas na Justiça. Segundo o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), em 2021, a dívida de Barreiras era de 440 milhões de reais. Em 2023, o painel do Tesouro Nacional já aponta um endividamento de 751 milhões de reais. Isso representa mais de 94% da receita corrente do município.
Jorge Lélis comparou a situação financeira do município a de uma família endividada, destacando que, se um pai de família recebe mil reais por mês e tem 940 reais comprometidos, ele não consegue fazer mais nada. Da mesma forma, Barreiras está com suas receitas comprometidas, o que limita a capacidade de investimento e melhorias.
Para enfrentar esse desafio, Jorge Lélis destacou a necessidade de uma gestão qualificada. Ele sugeriu a criação de escritórios de prospecção de recursos para buscar apoio no âmbito estadual e federal. Existem fundos no Ministério das Cidades, Educação e Saúde que podem ser acessados através de projetos bem elaborados, mas muitas vezes os municípios não têm equipes capacitadas para isso.
Lélis também mencionou que a maior parte da dívida acumulada ocorreu durante a gestão do prefeito Zito, baseando-se nos dados disponíveis do Tribunal de Contas dos Municípios e do painel do Tesouro Nacional. Ele ressaltou a importância da transparência, sugerindo que o município deve publicar essas informações de forma clara e acessível para a população. Isso ajuda a gestão e evita rumores e questionamentos infundados.
Para os próximos gestores, Jorge Lélis aconselhou um estudo detalhado de cada contrato de empréstimo e parcelamento, com o objetivo de renegociar e aliviar a carga financeira. Ele enfatizou que a análise traz à tona a complexidade do endividamento municipal e a necessidade de soluções inovadoras e transparentes para garantir um futuro financeiro estável para Barreiras. A escolha de representantes qualificados será crucial para enfrentar essa crise econômica.
Prefeito Zito Barbosa e as suas contradições
Em uma recente entrevista ao programa Impacto da Rádio Oeste FM, o prefeito Zito Barbosa apresentou uma posição aparentemente contraditória ao argumentar que não é necessário se articular politicamente com o governo estadual e federal para obter recursos e realizar obras em Barreiras. Ele destacou o exemplo da UPA, cuja construção foi iniciada na gestão da ex-prefeita Jusmari Oliveira, ficou paralisada durante 2 anos finais de sua gestão e mais quatro anos do governo de ex-prefeito Antônio Henrique. Zito afirmou:
“Eu fiz três pedidos naquela oportunidade ao Governador Rui Costa e aí eu quero dar esse exemplo. Um dos pedidos que eu fiz foi para que fosse concluída a obra da UPA que estava parada há seis anos. Foi iniciada na gestão da prefeita Jusmari e ficou paralisada dois anos do da gestão Jusmari, mais quatro anos de Antônio Henrique.”
Ao mencionar os R$ 31 milhões recentemente conquistados em verbas federais, Zito Barbosa tentou reforçar sua independência política em relação às esferas estadual e federal. No entanto, é importante ressaltar que tais repasses dependem da autorização de Rui Costa, ex-governador da Bahia e atual Ministro-Chefe da Casa Civil do Governo Lula, que é sabedor das dificuldades enfrentadas na administração da saúde municipal sob Zito Barbosa. Essa tentativa de mostrar independência política contrasta com a realidade dos bastidores, onde a articulação e as boas relações institucionais com outras esferas de poder são fundamentais para o desenvolvimento eficaz de qualquer cidade.
A Herança maldita do prefeito Zito Barbosa
Além da análise criteriosa apresentada pelo professor Jorge Lélis, é imprescindível destacar a opinião do Portal Caso de Política sobre a situação financeira de Barreiras. As dívidas acumuladas pelo atual prefeito Zito não representam apenas um desafio para os próximos administradores, mas uma verdadeira herança maldita. A gestão de Zito pode ser comparada à de um garimpeiro inescrupuloso: levou o ouro e deixou apenas buracos e escombros na economia municipal.
Com uma dívida que já ultrapassa a casa do bilhão, o próximo prefeito herdará um cenário caótico e desolador. O comprometimento de mais de 94% da receita corrente líquida impede a realização de investimentos essenciais e amarra o desenvolvimento do município. A população de Barreiras merece transparência e responsabilidade na gestão pública, algo que claramente faltou na atual administração.
Enquanto Zito desfruta dos benefícios de sua gestão, quem paga o preço é o cidadão barreirense, que vê seus recursos drenados para cobrir uma dívida descomunal. O futuro prefeito terá a difícil tarefa de reconstruir não apenas as finanças do município, mas também a confiança da população em seus governantes.
Além disso, a recente declaração do prefeito Zito Barbosa, afirmando que não é necessário se alinhar politicamente com os governos estadual e federal para obter investimentos e recursos, mostra uma desconexão preocupante com a realidade. Cinicamente, tentou demonstrar independência política ao mencionar os R$ 31 milhões em verbas federais para o custeio da saúde municipal e ignora a necessidade de articulação e boas relações com outras esferas de poder, que são fundamentais para o desenvolvimento eficaz de Barreiras. Isso só aconteceu com a conivência da maioria da Câmara, exceto pelas vereadoras Carmélia da Mata e Beza, que não acompanharam o prefeito nesses empréstimos.
É hora de Barreiras virar a página e escolher líderes que realmente se comprometam com o bem-estar e o desenvolvimento sustentável da cidade.
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*o Professor Jorge Lélis possui Graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2009); Especialização em Gestão Pública pela Faculdade de Tecnologia e Ciência (2011); Especialização em Gestão em Saúde pelo Centro Universitário Claretiano (2017); Mestrado em Ciências Ambientais pela Universidade Federal do Oeste da Bahia (2019). Professor Substituto da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), em Barreiras; Professor de Economia do Centro Universitário São Francisco de Barreiras (UNIFASB) e Líder Técnico no Serviço Social da Indústria – SESI/FIEB.
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