Com apenas quatro prefeituras conquistadas em 2024, partido do presidente Lula vê redução drástica de eleitorado e influência
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O Partido dos Trabalhadores (PT), historicamente forte na Grande São Paulo e berço político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encolheu nas eleições municipais de 2024, conquistando apenas quatro prefeituras em todo o estado. Apesar de ter lançado candidaturas em 144 municípios paulistas, o PT obteve vitórias somente em Mauá, Matão, Santa Lúcia e Lucianópolis — cidades pequenas e com baixo peso eleitoral. Em Diadema, outra de suas tradicionais bases, o partido sofreu uma derrota importante, com o prefeito José de Filippi Jr. perdendo a reeleição para Taka Yamauchi (MDB).
O declínio de seu eleitorado foi expressivo. Em 2020, as prefeituras petistas no estado somavam quase 900 mil eleitores. Neste ano, o número caiu para 393 mil, mesmo mantendo a quantidade de prefeituras. Em cidades como Araraquara e Diadema, o PT já não conseguiu manter seu espaço, cedendo-o para localidades de menor relevância política, como Santa Lúcia e Lucianópolis, que possuem, somadas, apenas 8.661 eleitores.
Estratégia na capital paulista falha e PT recua
Em São Paulo, o PT abriu mão de lançar candidatura própria à prefeitura pela primeira vez, optando por apoiar Guilherme Boulos (PSOL), com Marta Suplicy como vice. A aliança buscava captar votos nas áreas periféricas da zona sul, onde o PT historicamente era forte. Contudo, a estratégia não deu o retorno esperado. Boulos foi derrotado pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que venceu com 59,35% dos votos válidos. O resultado frustra a tentativa de articulação na capital, que pretendia consolidar uma frente de esquerda unida.
A perda da Grande São Paulo e o peso da Lava Jato
O PT perdeu força no estado de São Paulo desde 2016, ano marcado pelo avanço da operação Lava Jato e pelas condenações de lideranças petistas, incluindo o próprio Lula, que enfrentou prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Grande São Paulo, onde o partido nasceu e se consolidou nos anos 1980, refletiu as consequências do desgaste político: a sigla preservou apenas a prefeitura de Mauá, com Marcelo Oliveira reeleito, enquanto Diadema e outras bases tradicionais foram perdidas.
A redução das prefeituras no cinturão industrial simboliza o desmonte de um legado de décadas. Em 1982, o PT fez história ao eleger Gilson Menezes como prefeito de Diadema, seu primeiro grande feito na política municipal. Ao longo dos anos, o partido expandiu sua influência nas cidades operárias de São Bernardo do Campo e Santo André, tendo como expoentes Luiz Marinho e Celso Daniel, respectivamente. Hoje, no entanto, o partido encontra dificuldades em reconquistar o eleitorado.
O retorno de Lula ao Planalto e o impacto nas eleições locais
Nem a volta de Lula à presidência, em janeiro de 2023, foi suficiente para alavancar o PT nas eleições municipais. O presidente optou por uma participação discreta no pleito, evitando interferências diretas para não prejudicar alianças no Congresso, além de relatar cansaço e preocupações com segurança. A postura discreta, porém, não ajudou o desempenho do partido no estado que sempre foi um de seus maiores redutos.
O quadro atual mostra que o PT, mesmo após o retorno de Lula ao Planalto, enfrenta o desafio de reestruturar suas bases e recuperar sua imagem. A perda significativa de influência nas prefeituras paulistas aponta para a necessidade de o partido revisitar suas estratégias eleitorais e se reconectar com o eleitorado de um estado que, outrora, foi central para sua trajetória e expansão política.
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