Em meio à fervorosa transição de poder na Câmara de Barreiras, o vereador Yuri Ramon destilou críticas e expôs o ambiente de intrigas entre os colegas, sem papas na língua e sem mencionar nomes, revelando a tensão nos bastidores do legislativo
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Barreiras vive um momento de mudança na Câmara, e a recente sessão do dia 12 de novembro trouxe à tona um cenário de intrigas e conflitos latentes. O vereador Yuri Ramon, em discurso inflamado, desabafou sobre o que chamou de “puxa-saquismo” e “fofocas” na Casa. Suas palavras, cheias de insinuações e críticas, foram disparadas contra os colegas sem que nomes fossem revelados, mas o tom de reprovação soou claro. Em um contexto de sucessão e articulações para o próximo comando, o discurso de Yuri Ramon parece mais um movimento estratégico que revela as fragilidades políticas em jogo.
Com o mandato em reta final e a nova composição da Câmara de Barreiras já se desenhando, o pronunciamento de Yuri Ramon soa quase como uma advertência maquiavélica.
“Em terra de bajuladores, quem fala a verdade é visto como inimigo,” disse, arrematando um discurso que destoou pela franqueza.
Durante a sessão, o vereador fez questão de sublinhar sua reputação de lealdade aos compromissos firmados ao longo dos anos, mencionando sua postura de apoio aos diferentes presidentes eleitos e reforçando que não pratica o “puxa-saquismo” que critica. As entrelinhas de seu discurso parecem direcionadas a opositores que, segundo ele, “não cumpriram a palavra.”
Desabafo ou estratégia?: “nunca vi uma câmara de vereadores puxa-saco igual a essa”
Para além do tom pessoal e emotivo, o discurso de Yuri Ramon parece ter também um propósito estratégico. Ao referir-se à Câmara como um espaço onde “nunca vi uma câmara de vereadores puxa-saco igual a essa,” ele estabelece uma linha divisória entre sua postura e a dos demais, destacando-se como alguém que não compactua com o que enxerga como a mediocridade política do “puxa-saquismo.” Ele detalha uma série de compromissos políticos passados, pontuando, “quando eu dei a palavra para a Karlúcia Macedo, que votava com ela, fui até o final com ela,” em uma tentativa de se diferenciar dos colegas que, segundo ele, prometem e não cumprem.
Esse tom de defesa pública de sua integridade soa como uma jogada para se posicionar como alguém de princípios em meio à transição de poder na Casa. Ramon reforça sua postura independente, quando afirma: “não sei puxa-saco ser ninguém,” e ainda, “se tem uma coisa que eu não faço, é escondido,” insinuando que muitos ali recorrem a conchavos ocultos. A fala passa a impressão de que ele se apresenta como uma força contra uma estrutura desgastada pelos jogos de interesse e pelas alianças de conveniência.
A Corrida pela presidência: articulações e choques
Com a aproximação da eleição para a presidência da Câmara, as palavras de Yuri deixam entrever um cenário de disputas veladas e antecipam possíveis alinhamentos estratégicos. Ao expor um lado mais pessoal, comentando que colegas usaram sua ausência para fazer fofocas enquanto enfrentava problemas familiares, Ramon joga luz sobre as rivalidades internas e o que considera um uso oportunista do momento por parte de alguns vereadores.
Ele reforça que não se intimida com a disputa, deixando claro: “não sou vereador, estou vereador,” uma frase que, além de indicar sua visão temporária sobre o cargo, parece alfinetar aqueles que, segundo ele, estariam dispostos a qualquer coisa para se manter no poder.
A tensão se acentua ao Yuri mencionar os supostos rumores sobre sua aproximação com a oposição, uma especulação que ele nega veementemente. Porém, o fato de levantar essa questão já é, por si só, uma revelação da batalha que se desenrola nos bastidores. A quem interessaria disseminar tais rumores? O que ganhariam aqueles que, como afirma o vereador, “tentam falar mal de mim aqui na Câmara”? Essas perguntas ecoam em um ambiente onde alianças são construídas e desfeitas ao sabor das conveniências e da busca pelo controle.
A fala de Yuri Ramon sugere um embate crescente pelo comando da Casa, uma luta entre interesses individuais e a projeção de novas lideranças. A questão que fica é se a Câmara está preparada para uma gestão que leve em conta a voz dissonante de quem se posiciona contra o jogo de interesses. Estarão os vereadores dispostos a ultrapassar o limite do desgaste público para conquistar uma cadeira na presidência da Casa? O discurso de Yuri, além de desabafo, parece ser um alerta, demonstrando que ele, ao menos, não se curvará a esse jogo.
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