PF aponta Bolsonaro como mentor de golpe de Estado em relatório detalhado de 884 páginas

Documento destaca articulação para abalar a democracia e aguarda decisão da PGR sobre denúncia

Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou público nesta terça-feira (26) o relatório final da Polícia Federal (PF) que acusa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de liderar um plano para tentar um golpe de Estado. O documento, que também indiciou outras 36 pessoas, foi enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para análise e possível denúncia.

Veja a íntegra do relatório da PF

De acordo com o relatório, a PF concluiu que Bolsonaro “planejou, atuou e teve domínio direto e efetivo dos atos executórios realizados pela organização criminosa” com o objetivo de “abolir o Estado Democrático de Direito”. A tentativa de golpe, segundo a investigação, só não foi concretizada devido a fatores externos.

Estratégia e divisão em núcleos

A PF destacou que desde 2019 Bolsonaro articulou a disseminação de uma narrativa falsa sobre vulnerabilidades no sistema eletrônico de votação. Essa estratégia teria como objetivo criar na população a percepção de fraudes eleitorais, preparando terreno para questionamentos em caso de derrota e justificando ações antidemocráticas após o pleito de 2022.

O relatório aponta que a organização criminosa era composta por seis núcleos com funções específicas, embora detalhes desses grupos não tenham sido divulgados. A investigação reúne aproximadamente 800 páginas e inclui uma delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, cujo teor permanece sob sigilo.

Próximos passos

Com o envio do material à PGR, o procurador-geral Paulo Gonet terá um prazo inicial de 15 dias para se manifestar, podendo solicitar prorrogações ou novas diligências. A complexidade do caso e a volumosa documentação tornam improvável a apresentação de uma denúncia antes de 2025, especialmente com o recesso do Judiciário a partir de 20 de dezembro.

O desfecho deste caso poderá estabelecer precedentes históricos na justiça brasileira, enquanto a sociedade aguarda respostas concretas sobre as responsabilidades pela tentativa de ruptura democrática.

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