
Yure Ramon afirma que saúde pública vive crise sistêmica e pede mais compromisso da gestão municipal e estadual com a população que aguarda por exames, regulação e transporte
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Em audiência pública realizada no último dia 30 de abril na Câmara de Barreiras, o presidente da Casa, vereador Yure Ramon, fez duras críticas à realidade enfrentada por pacientes que dependem do sistema público de saúde. Ele destacou a lentidão nos processos de regulação e o excesso de intermediações políticas para acessar atendimentos, cobrando mais eficácia da gestão municipal e também da estrutura estadual.
“Muitas vezes, a pessoa não consegue atendimento por mérito próprio, mas precisa da boa vontade de um político. Liga para o vereador, o vereador aciona deputado… Isso não é fila de regulação, é fila da morte”, disse Ramon, expondo a indignação com a morosidade no encaminhamento de casos urgentes.
O presidente da Câmara ressaltou que não direcionava críticas a pessoas específicas, mas sim a uma lógica institucional que, segundo ele, adoece quem precisa de cuidado e desgasta os que tentam ajudar. Ele pontuou que, na ausência de transporte adequado para pacientes, já recorreu a meios próprios — inclusive transportando pessoas em seu carro particular de madrugada.
“Não é de hoje que saio com meu assessor, duas, três horas da manhã, para buscar alguém no Rio Branco e trazer para a UPA. Não ligava para o Samu porque sabia que não ia dar tempo.”
Apesar da cobrança firme, Ramon fez questão de reconhecer o empenho dos profissionais que atuam “na ponta”, afirmando que o sistema só funciona porque há servidores comprometidos — mesmo que muitas vezes invisibilizados ou desvalorizados.
“Quem faz andar a secretaria são essas pessoas que estão no posto de saúde, no hospital, no atendimento direto. São elas que seguram o sistema.”
Ao defender a atuação do Legislativo, o presidente rebateu insinuações de que a Câmara estivesse atuando com partidarismo ao fiscalizar e debater os problemas da saúde. Disse que respeita o mandato de todos os vereadores igualmente e que não aceitará ataques à mesa diretora ou à Casa Legislativa.
“Tenho zelado por tratar cada colega com igualdade. Essa Casa não é lado A nem lado B. É lado do povo.”
Em tom de autocrítica, Yure admitiu que o Legislativo ainda fiscaliza pouco e incentivou os parlamentares a visitarem mais os postos de saúde de seus bairros, para entenderem os gargalos da rede.
“Todos nós temos que fazer mais. Ir nos postos, conversar, cobrar. O problema não é só da atual secretária, nem só de Barreiras. A saúde pública está em crise em todo o país, mas isso não pode servir de justificativa para a inércia.”
Ramon defendeu o comparecimento de secretários municipais às audiências como prática frequente, e não exceção, argumentando que a participação ativa nas discussões públicas é fundamental para encontrar soluções viáveis.
“Que todos os secretários venham quando forem chamados, assim como vieram hoje, para escutar, debater e melhorar.”
Por fim, lembrou que a dor de quem busca atendimento não pode ser relativizada por disputas políticas. Segundo ele, quando o cidadão procura um vereador pedindo exame ou transporte, é porque já esgotou todas as alternativas.
“Ninguém quer ir ao médico por prazer. Vai porque precisa. E a gente, que foi eleito para representar, não pode se calar.”
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