
Ex-prefeito de Salvador minimiza apoio político já declarado por integrantes do seu próprio partido ao governador petista
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Ao contrário do que afirmou o ex-prefeito de Salvador e vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, pelo menos quatro prefeitos do seu próprio partido já anunciaram publicamente apoio ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) para as eleições de 2026. A declaração de Neto foi feita nesta terça-feira (17), durante entrevista à rádio 95 FM, quando disse não ter visto “nenhum prefeito” do seu grupo político firmar compromisso com o atual governador.
A fala, porém, contrasta com a realidade já conhecida nos bastidores e publicizada em agendas políticas e entrevistas recentes. Entre os prefeitos do União Brasil que já manifestaram de forma aberta apoio a Jerônimo estão Tonho de Zé de Agdônio (Santa Maria da Vitória), Saulo Islan (Itagi), Agamenon Coelho (Araças) e Gel da Farmácia (Buerarema). Além deles, outros nomes estratégicos como Hildécio Meireles (Cairu) e Bira da Barraca (Mata de São João) estão alinhados com a base do governo estadual.
A negação de ACM Neto evidencia a dificuldade em conter a perda de influência sobre prefeitos que, mesmo eleitos sob seu palanque em 2022, agora se aproximam politicamente de Jerônimo, numa articulação que mira 2026. Neto tenta descolar essas movimentações do campo eleitoral e reduzi-las a um “diálogo institucional”, mas os gestos e falas públicas dos gestores revelam alinhamento que vai além da formalidade entre esferas de poder.
Fragilidade de liderança e crise de hegemonia
A postura adotada por ACM Neto sinaliza uma tentativa de preservar a narrativa de liderança sobre o União Brasil na Bahia, ao mesmo tempo em que evita confrontos internos com quadros que já ensaiam uma reaproximação com o campo governista. Ao criticar a Secretaria de Comunicação do Governo da Bahia por “politizar fotos e reuniões”, Neto tenta neutralizar o simbolismo dos encontros entre Jerônimo e prefeitos da sua base – mas o efeito tem sido o oposto: o movimento de adesão cresce, ainda que a passos silenciosos.
Nos bastidores, a avaliação é de que Neto vive um impasse: não consegue mais conter o efeito gravitacional do governo estadual sobre prefeitos que buscam investimentos, obras e visibilidade institucional – mesmo que, para isso, se distanciem do projeto oposicionista liderado por ele.
Zé Cocá entre os gestos e as palavras: “Jerônimo me conquistou”
Durante a mesma entrevista, ACM Neto exaltou o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), a quem já vislumbra como possível vice em uma futura chapa majoritária. No entanto, as falas públicas do próprio Cocá indicam uma aproximação crescente com o governador Jerônimo. Em evento realizado na última sexta-feira (13), durante visita de Jerônimo à cidade de Jequié, Cocá foi direto ao reconhecer a mudança no tom da relação:
“O senhor me conquistou, porque eu aprendi uma coisa na minha vida: política não é nada mais e nada menos do que trabalho.”
O elogio, feito diante de aliados e imprensa, teve como estopim uma fala do próprio Jerônimo, que havia dito:
“Eu não quero falar sobre política hoje, eu quero falar em trabalho”.
A reação positiva de Cocá foi interpretada como um sinal claro de alinhamento que caminha para a formalização de apoio à reeleição do governador em 2026.
Essa declaração pública quebra o discurso de neutralidade defendido por ACM Neto e coloca em xeque a manutenção de Zé Cocá como aliado fiel da oposição. A postura pragmática do prefeito de Jequié reforça a leitura de que o campo político na Bahia está em franca reconfiguração — e que a fidelidade partidária cede lugar à governabilidade e ao pragmatismo institucional.
Enquanto ACM Neto tenta manter coeso um bloco cada vez mais fragmentado, Jerônimo amplia sua base com uma política de escuta e entrega, atraindo apoios pela via do resultado e não do apadrinhamento.
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