
Relatório revela que estrutura clandestina espionava opositores, desviava recursos da inteligência e alimentava rede de desinformação em benefício do núcleo político ligado ao ex-presidente
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Polícia Federal revelou que Jair Bolsonaro, seu filho Carlos Bolsonaro e o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) formavam o núcleo central de uma estrutura clandestina de inteligência criada no interior da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O objetivo da operação, segundo relatório tornado público nesta quarta-feira (18), era proteger o entorno político do ex-presidente, espionar adversários e abastecer redes sociais com conteúdos de desinformação.
Veja aqui a íntegra do relatório.
O documento, divulgado por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), descreve Bolsonaro como o “principal destinatário” das ações da chamada “Abin paralela”, enquanto Carlos aparece como idealizador de uma rede de contrainteligência fora dos canais oficiais. Ramagem, que dirigia a Abin na época, é apontado como o responsável pela implementação da estrutura.
Carlos Bolsonaro, segundo a PF, teria montado o esquema ao lado de um delegado e três agentes, motivado por desconfiança nas instituições formais. A rede atuava tanto no monitoramento ilegal de opositores quanto na criação e difusão de conteúdos que atacavam o sistema eleitoral, o Judiciário e servidores públicos.
Entre os instrumentos usados pela rede estava o sistema de rastreamento First Mile, adquirido sem licitação, que permitia localizar celulares em tempo real. A PF afirma que as mais de 60 mil consultas realizadas por meio da ferramenta foram ilegais. Entre os alvos estavam parlamentares, jornalistas e o próprio Moraes. As ordens para uso do sistema, segundo o relatório, vinham de gestores superiores, formal ou informalmente.
O material produzido pela espionagem era transformado em postagens de ataque e manipulação nas redes sociais, operadas por assessores ligados a Carlos Bolsonaro. A PF também afirma que houve desvio de recursos públicos para sustentar a rede clandestina.
O relatório foi anexado ao inquérito que tramita no STF e ainda depende de manifestação do Ministério Público Federal para que haja eventual denúncia. Apesar das citações frequentes, Jair Bolsonaro ainda não foi formalmente indiciado neste caso, mas já é réu em outra ação penal que trata de parte dos mesmos fatos.
Todos os citados na investigação têm direito à presunção de inocência e ao contraditório, como prevê o Estado democrático de Direito.
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