
Deputada condenada a 10 anos de prisão pelo STF viaja ao exterior, pede licença do cargo e afirma que continuará “denunciando perseguições” fora do país. Defesa tenta reverter penas e multas de R$ 4,8 milhões
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão por envolvimento em crimes cibernéticos, anunciou nesta terça-feira (3) que está fora do Brasil. Em entrevista a uma rádio bolsonarista, a parlamentar confirmou que se encontra na Europa, onde pretende se estabelecer, pedir licença do cargo na Câmara e buscar tratamento médico. Ela também declarou que seguirá atuando politicamente do exterior, denunciando o que chamou de “distorções da realidade brasileira”.
Assista:
A saída do país ocorre menos de um mês após a 1ª Turma do STF condená-la, por unanimidade, por invasão de sistema informático e falsidade ideológica. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli foi a autora intelectual da invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com o objetivo de forjar documentos judiciais, inclusive falsos mandados de prisão contra autoridades. O ataque foi executado pelo hacker Walter Delgatti Neto, condenado a 8 anos e 3 meses de prisão.
Além da pena de reclusão, a deputada teve a perda de mandato determinada – a ser confirmada pela Câmara após o trânsito em julgado –, além da inelegibilidade e o pagamento de R$ 2 milhões em danos morais e coletivos. A parlamentar ainda enfrenta outro processo no STF por ter sacado uma arma de fogo e perseguido um jornalista durante o segundo turno das eleições de 2022. Neste caso, seis ministros já votaram por condená-la a mais cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto. O julgamento foi interrompido por pedido de vista do ministro Nunes Marques.
“Não volto. Aqui posso falar”
Zambelli afirmou que seu exílio é também uma forma de amplificar sua voz.
“Me cansei de ficar calada”, declarou. “Aqui fora eu posso falar: nossas urnas não são confiáveis.” A deputada não apresentou provas para sustentar a acusação, já desmentida por instituições como o TSE e o próprio STF. Ainda assim, disse que pretende percorrer a Europa para “mostrar ao mundo as perseguições que vem sofrendo”.
Ela afirmou ter cidadania europeia e que já realizava tratamento médico fora do Brasil.
“Eu não sobreviveria na cadeia”, disse, ao justificar o pedido da defesa para que, em caso de execução da pena, ela possa cumpri-la em regime domiciliar.
A defesa também apresentou recurso ao STF, alegando cerceamento e pedindo revisão das penas e das multas, que totalizam cerca de R$ 4,8 milhões.
Plano de sucessão e estratégia digital
Zambelli também se movimenta para manter influência política mesmo afastada do país. Em comunicado recente, anunciou que sua mãe, Rita Zambelli, será pré-candidata a deputada federal em 2026. Também revelou planos para lançar seu filho, hoje com 17 anos, como candidato à Câmara Municipal de São Paulo em 2028.
“Minha mãe é minha candidata, e meu filho dará seguimento a esse legado”, afirmou.
Enquanto se licencia do cargo, Zambelli transferiu oficialmente o controle de suas redes sociais para a mãe, sob o argumento de que poderá ser silenciada caso a inelegibilidade seja confirmada. Apenas no Instagram, a parlamentar soma mais de 3,7 milhões de seguidores.
Sem paradeiro confirmado
Apesar da repercussão, o destino exato da deputada segue desconhecido. A defesa informou apenas que ela viajou ao exterior para cuidar da saúde. O advogado Daniel Bialski declarou ao Congresso em Foco que não foi comunicado do local para onde a parlamentar embarcou. Zambelli citou como exemplo o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também deixou o país por um período e se licenciou do cargo, embora o filho do ex-presidente não tenha sido alvo de condenações criminais.
Já com o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) por abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação na campanha de 2022, Zambelli é considerada inelegível por oito anos após o cumprimento da pena.
Ao que tudo indica, a parlamentar não pretende retornar ao país tão cedo. Mesmo sob pressão da Justiça brasileira, Carla Zambelli busca transformar sua condenação em narrativa política, posicionando-se como perseguida e símbolo de resistência de sua base ideológica – agora, em outro continente.
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