
Sem um plano de mobilidade à altura, cidade pode enfrentar colapso urbano com o aumento do tráfego de caminhões após obras nas BRs 135 e 242
O Oeste da Bahia poderá experimentar uma profunda reconfiguração em sua malha logística com a conclusão da pavimentação da BR-135, entre São Desidério e Correntina, e a duplicação da BR-242, no trecho entre Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. Ambas as rodovias são estratégicas para a circulação de mercadorias entre o Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, especialmente para o escoamento da produção agrícola do Matopiba — uma das fronteiras mais dinâmicas do agronegócio brasileiro.
O problema é que todo esse fluxo, que tende a aumentar consideravelmente nos próximos anos, vai literalmente desaguar em Barreiras. O verbo, neste contexto, não poderia ser mais adequado: assim como rios confluem e despejam suas águas em determinado ponto, as BRs 135 e 242 irão despejar milhares de veículos — em sua maioria, caminhões pesados — diretamente dentro do perímetro urbano do município.
Enquanto os prefeitos de São Desidério e Luís Eduardo Magalhães, Tony Linhares e Junior Marabá, têm atuado firmemente para destravar essas obras, Barreiras parece ainda não ter percebido o tamanho do desafio que se aproxima. Estimativas apontam que mais de 8 mil veículos pesados circulam diariamente pela BR-242, e com a duplicação, esse número pode aumentar em até 40% nos próximos cinco anos, segundo dados do DNIT. Já a pavimentação da BR-135 reduzirá em cerca de 200 km a ligação entre parte do Nordeste e o Sudeste brasileiro, o que atrairá ainda mais tráfego para Barreiras.
O atual “contorno viário”, que nasceu atrasado, não resolve o problema — apenas o deslocou. Em vez de cortar o centro comercial, o tráfego agora atravessa bairros densamente povoados como as vilas Rica, dos Funcionários e Amorim, além do São Pedro e Santo Antônio. O resultado tem sido o aumento de acidentes, trânsito intenso, poluição e insegurança em áreas residenciais que jamais deveriam ser rota preferencial para veículos de carga.
O que falta é um plano de mobilidade urbana consistente e com visão de futuro. A construção de um verdadeiro anel viário, que efetivamente desvie o tráfego pesado para longe da zona urbana, precisa entrar com urgência na pauta da Prefeitura e da Câmara Municipal. Esse é um debate que deve envolver não apenas o poder público, mas também a sociedade civil, o setor produtivo e os moradores diretamente afetados.
A pavimentação da BR-135 e a duplicação da BR-242 são conquistas importantes e inadiáveis para a região. Mas Barreiras precisa fazer sua parte: planejar, se adaptar e se preparar. Se não agir agora, pagará um preço alto depois. O desenvolvimento não pode ser desculpa para negligenciar a qualidade de vida da população.
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