
O republicano Mike Johnson, presidente da Câmara dos Representantes dos EUA. Foto: reprodução
Comando republicano adia liberação de documentos ligados ao escândalo de tráfico sexual; ala do partido rompe o silêncio e cobra transparência
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos antecipou seu recesso legislativo para esta quarta-feira (23), em uma manobra que impediu a votação sobre a liberação de documentos sigilosos relacionados ao caso do financista e criminoso sexual Jeffrey Epstein. A decisão, tomada pelo presidente da Casa, Mike Johnson (Partido Republicano), atende a pressões da base do ex-presidente Donald Trump e expõe fraturas internas no partido.
“Já chega de sermos ensinados sobre transparência. Não vamos fazer jogos políticos com isso”, disse Johnson ao justificar o recuo.
A frase marcou o tom de resistência da liderança republicana à abertura dos arquivos, que poderiam implicar figuras públicas — inclusive o próprio Trump — nos crimes cometidos por Epstein.
A bancada democrata, que vinha articulando para incluir a liberação dos documentos na pauta da semana, acusou o comando da Câmara de obstrução deliberada. O cancelamento da votação também gerou insatisfação entre congressistas republicanos que defendem a apuração completa do caso.

“Crimes foram cometidos. Se não houver justiça e responsabilização, as pessoas vão se cansar disso”, alertou a deputada Marjorie Taylor Greene (Geórgia).
Já o congressista Ralph Norman (Carolina do Sul) foi direto:
“O povo americano merece ação, não desculpas”.
Nos bastidores, cresce a pressão sobre a liderança republicana, acusada de proteger aliados ao custo da transparência. Segundo registros judiciais já revelados, Trump teria mantido relação próxima com Epstein antes de os abusos se tornarem públicos.
Paralelamente, o Comitê de Supervisão da Câmara aprovou a convocação de Ghislaine Maxwell, parceira de Epstein, hoje presa após ser condenada a 20 anos por seu papel no esquema de tráfico sexual.
O vice-procurador-geral e ex-advogado de Trump, Todd Blanche, confirmou que negocia com a defesa de Maxwell para viabilizar um depoimento formal.
“Se Maxwell tiver informações sobre crimes contra vítimas, o FBI e o Departamento de Justiça ouvirão”, declarou.
O advogado David Oscar Markus, que representa Maxwell, também se manifestou.
“Ghislaine sempre testemunhará com sinceridade. Somos gratos ao presidente Trump por seu comprometimento em descobrir a verdade neste caso.”
Apesar da narrativa de colaboração, a decisão de antecipar o recesso lança dúvidas sobre o real interesse das lideranças republicanas em promover justiça no caso Epstein. A expectativa agora recai sobre os desdobramentos das intimações e a eventual disposição de Maxwell em citar nomes de peso — inclusive da elite política americana.
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