Estudo de 2023 aponta sobrecarga, dupla jornada e condições precárias como fatores que agravam o adoecimento, levantando alerta para políticas públicas na região.
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) defendido em 2023 na Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) revelou uma crise silenciosa na saúde pública de Barreiras: a alta prevalência da Síndrome de Burnout entre profissionais da área, com impacto desproporcional sobre as mulheres que atuam na linha de frente do atendimento regional.
A pesquisa, desenvolvida pela estudante Carolaíne Rocha dos Santos, sob orientação do professor Bruno Klecius Andrade Teles, chama atenção para os efeitos da feminilização da força de trabalho em saúde. O estudo mostra que, quando não acompanhada de políticas de valorização, a maior presença de mulheres no setor pode significar maior risco de adoecimento, especialmente pela sobrecarga profissional somada às responsabilidades domésticas.
Intitulado “A Relação Entre a Feminilização da Força de Trabalho no Setor de Saúde e a Síndrome de Burnout”, o TCC realizou uma revisão integrativa da literatura científica, seguindo o protocolo PRISMA. Foram consultadas bases como SciELO, LILACS, PubMed e o Portal de Periódicos da CAPES, utilizando termos-chave como “Esgotamento Profissional”, “Saúde Mental” e “Saúde da Mulher”.
De acordocom o estudo “a Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico relacionado ao esgotamento físico e emocional provocado por condições de trabalho desgastantes e prolongadas. Ela se manifesta por meio de sintomas como fadiga intensa, desmotivação, irritabilidade, dificuldade de concentração, sentimento de ineficácia e até alterações físicas, como insônia e dores musculares. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um fenômeno ocupacional, a síndrome surge principalmente em profissões que exigem contato direto e constante com pessoas, como no caso dos profissionais de saúde, que enfrentam jornadas exaustivas, pressão por resultados e, muitas vezes, falta de apoio adequado no ambiente de trabalho”.
Prevalência do Burnout
A análise apontou índices elevados da síndrome em diferentes categorias profissionais, com maior prevalência entre mulheres. Embora os dados abaixo sejam ilustrativos — e indiquem a necessidade de pesquisas locais específicas — eles refletem tendências nacionais que se aplicam à realidade de Barreiras.
Tabela 1 – Prevalência Estimada de Síndrome de Burnout em Profissionais de Saúde em Barreiras, Bahia (Dados Ilustrativos)
Categoria Profissional | Prevalência Estimada (%) | Prevalência em Mulheres (%) |
| Médicos | 55% | 60% |
| Enfermeiros | 65% | 70% |
| Técnicos de Enfermagem | 50% | 55% |
| Outros Profissionais | 45% | 50% |
A pesquisa destaca que a sobrecarga, aliada às condições precárias de trabalho, reduz o bem-estar físico e emocional dos profissionais, tornando a síndrome um problema coletivo de saúde pública.
Fatores de risco
O TCC mapeou fatores que potencializam o Burnout em Barreiras, reforçando os desafios enfrentados por quem atua em cidades do interior, onde a estrutura é mais limitada e o acesso a cuidados psicológicos é escasso.
Tabela 2 – Fatores de Risco para Síndrome de Burnout em Barreiras (Dados Ilustrativos)
Fator de Risco | % de Profissionais que Citam |
| Sobrecarga de Trabalho (plantões, falta de pessoal) | 85% |
| Falta de Reconhecimento e Salários Inadequados | 70% |
| Dupla Jornada (trabalho + responsabilidades domésticas) | 65% |
| Condições de Trabalho Precárias (infraestrutura, recursos) | 60% |
| Dificuldade de Acesso a Serviços de Saúde Mental | 50% |
O alerta da UFOB
A pesquisa de Carolaíne Rocha dos Santos alerta que o Burnout não é apenas um problema individual, mas uma ameaça à qualidade do serviço de saúde oferecido à população de Barreiras. Profissionais exaustos, desmotivados e sem apoio adequado tendem a apresentar queda no desempenho, o que compromete o atendimento em toda a rede pública.
O estudo recomenda medidas urgentes, como:
- criação de programas de apoio psicológico aos trabalhadores da saúde;
- valorização da igualdade de gênero no ambiente laboral;
- melhorias nas condições de trabalho e infraestrutura;
- oferta de capacitações sobre Burnout e estratégias de enfrentamento.
Mais do que um requisito acadêmico, o TCC da UFOB se torna um marco para o debate local. Ao dar visibilidade ao esgotamento emocional e físico dos profissionais que cuidam da saúde da população, o estudo contribui para a construção de políticas mais humanas e eficazes em Barreiras.
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