
Imagem: Divulgação na internet
Projeto em estudo prevê escoar grãos do Oeste baiano por via fluvial a partir de Ibotirama; leilão da concessão deve ocorrer no fim de 2026 e pode movimentar 5 milhões de toneladas já no primeiro ano
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O governo federal planeja licitar a Hidrovia do Rio São Francisco no fim de 2026, em um projeto que promete mudar o cenário logístico do Oeste da Bahia, especialmente dos polos agrícolas de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães. As duas cidades são vistas como estratégicas para o escoamento de grãos – principalmente soja e milho – que poderiam seguir por rodovia até Ibotirama, ponto de conexão com a futura hidrovia.
O empreendimento é coordenado pela Companhia Docas do Estado da Bahia (Codeba), responsável pelos estudos técnicos e econômicos, com apoio da Infra S.A., que fará a modelagem da concessão. O Ministério de Portos e Aeroportos (Mpor) estima que, se implementado, o sistema poderá transportar 5 milhões de toneladas de cargas já no primeiro ano de operação.
Fases do projeto
A hidrovia será executada em duas grandes fases:
1ª fase (Juazeiro/Petrolina – Ibotirama):
- Trecho de 527 km, já navegável, passando pelo lago de Sobradinho, que possui eclusa operante.
- Segundo o secretário nacional de Hidrovias e Navegação, Dino Antunes Batista, esse trecho pode entrar em operação ainda em 2026, mesmo antes do leilão, após a realização de batimetria e instalação de sinalização náutica.
2ª fase (Ibotirama – Pirapora):
- Dividida em duas etapas: Ibotirama-Bom Jesus da Lapa/Cariacá (172 km) e Bom Jesus da Lapa/Cariacá-Pirapora (672 km).
- Demandará revitalização da calha do rio, dragagem e obras de sinalização, devido ao assoreamento do São Francisco.
O projeto também prevê a construção de 17 instalações portuárias de pequeno porte, fortalecendo o transporte intermodal e a integração regional.
Interconexões logísticas
Para o setor produtivo do Oeste baiano, o sucesso da hidrovia depende da criação de rotas complementares eficientes. Ao Valor Econômico, Carlos Henrique Passos, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), argumentou que será essencial integrar o modal fluvial à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), cuja requalificação é considerada fundamental para criar um corredor logístico competitivo.
Atualmente, a FCA – sob concessão da VLI Multimodal – opera com velocidade média de apenas 11 km/h, e parte do trecho entre Juazeiro e Senhor do Bonfim está desativado. A empresa firmou acordo para prorrogar a concessão até 2056, comprometendo-se com R$ 30 bilhões em investimentos, ainda sob avaliação da ANTT.
Outra interligação importante deve ocorrer em Cariacá, ponto onde a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) cruza o São Francisco. A Fiol ainda está em construção, assim como o Porto Sul, em Ilhéus (BA). O governo estuda um novo trecho ferroviário ligando Jequié ao Porto de Aratu, reforçando a conexão entre interior e litoral.
Já no Nordeste, cargas descarregadas em Petrolina (PE) poderão seguir 240 km pela BR-407 até Salgueiro, de onde embarcariam pela Transnordestina até o Porto do Pecém (CE).
Impacto para o Oeste baiano e o Nordeste
O escoamento da produção de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães por via fluvial poderá reduzir custos logísticos, diminuir a pressão sobre rodovias e estimular novas cadeias produtivas, como a indústria de esmagamento de soja e a avicultura no Nordeste.
De acordo com Maurício Laranjeira, gerente de políticas industriais da Fiepe, a hidrovia pode “melhorar o abastecimento de grãos e incentivar o desenvolvimento industrial”, desde que o corredor logístico apresente custos competitivos.
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