De acordo com os questionamentos, os dados Séculus destoam de outras diversas pesquisas
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Uma investigação pode ser instaurada em relação à pesquisa recentemente divulgada pelo Instituto de Pesquisas Séculus, encomendada e paga pelo Portal Bahia Notícias. O levantamento, focado na intenção de voto dos cidadãos de Barreiras, desencadeou uma onda de questionamentos e incertezas.
De acordo com a manchete veiculada no Bahia Notícias neste domingo, 21 de abril de 2024, a situação política local é sintetizada em letras garrafais: “BN/Séculus: Em Barreiras, ex-deputado federal Tito e Danilo Henrique dividem intenções de voto em todos os cenários“.
Porém, a credibilidade do Instituto Séculus (Séculus Consultoria e Assessoria Ltda ME | CNPJ: 24.374.946/0001-86) está sendo severamente questionada, especialmente em vista de alegações anteriores de manipulação em seus levantamentos eleitorais.
Um episódio emblemático ocorreu em 8 de setembro de 2022, quando o jornal Correio da Bahia divulgou um estudo da Séculus prevendo a vitória de ACM Neto no primeiro turno com uma margem expressiva de 57,39% dos votos.
Conforme relato do Correio, sem mencionar nomes, “A vantagem do ex-prefeito de Salvador (ACM Neto) para o segundo colocado é de quase 40 pontos percentuais. O candidato que aparece em segundo lugar apresentou 18,36% das intenções de votos, enquanto o terceiro candidato somou 6,89%.” Todavia, os resultados oficiais divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), contaram uma história bem diferente: Em 1º turno, Jeronimo Rodrigues (PT) recebeu 49,45% dos votos, ACM Neto (UNIÃO BRASIL) 40,80%, e João Roma (PL) 9,08%.
Essa disparidade entre as previsões da Séculus, outros Institutos de Pesquisas e os resultados reais das eleições coloca em dúvida a confiabilidade de seus levantamentos. No caso em questão, a pesquisa foi divulgada pouco menos de 30 dias antes do primeiro turno, realizado em 2 de outubro de 2022, potencialmente influenciando o eleitorado de forma significativa. Na Bahia desde as eleições de 2006 que não acontecia 2º turno para governador, e Jeronimo Rodrigues, ante os seus 49,45% de votos válidos recebidos, chegou bem próximo de repetir o feito de vencer com maioria logo em 1º turno.
Um outro caso que chama a atenção, foi noticiado pelo próprio Bahia Notícias em 25 de julho de 2022, quando o Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA), suspendeu a divulgação de pesquisa da Séculus sobre a disputa sobre o governo da Bahia.
De acordo com fontes próximas consultadas pelo Portal Caso de Política, “este levantamento será contestado judicialmente, dado que diversos levantamentos para consumo interno apresentaram resultados discrepantes em relação aos divulgados nesta pesquisa”.
Print publicação G1
Curiosamente, neste levantamento, aparece o nome do atual prefeito Zito Barbosa (União Brasil), que já concorreu a uma reeleição e está legalmente impedido de concorrer a um terceiro mandato consecutivo. A atual secretária de Desenvolvimento Urbano do Estado, Jusmari Oliveira (PSD), que já foi prefeita da cidade e recebeu expressiva votação em 2022 quando concorreu a uma cadeira para deputada estadual, aparece com irrisórios percentuais. em 2022, ela angariou 9.561 votos (12,38%).
O mesmo pode ser dito sobre Karlúcia Macedo, que foi vice-prefeita de Barreiras, que em 2022, disputando uma cadeira de deputada estadual, obteve 9.443 votos (12,22%).
Não é de hoje, que determinados Institutos e levantamentos divulgados são alvos da justiça e de questionamentos, exemplo disso é que ao final de 2022, políticos de diversas matizes ideológicas e partidárias se articularam para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), para investigar esses levantamentos.
O Jornal A Tarde, já destacou que o referido Instituto Séculus possui histórico de graves erros em pesquisas eleitorais pelo Estado da Bahia, como foi o caso do Município de Itabuna nas eleições de 2020, cujo atual Prefeito Augusto Castro (PSD) foi apontado como terceiro colocado na disputa.
Em uma outra ocorrência, desta vez registrada pela RedeGN, o Juiz Eleitoral da 66ª Zona, Vanderley Andrade de Lacerda, impediu a divulgação de pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Séculus Consultoria e Assessoria Ltda., contratada pelo Bahia Notícias sobre levantamento feito sobre intenção de voto no município de Casa Nova.
Em outra publicação da RedeGN, é estampada a manchete: “Decisão Judicial suspende mais uma vez pesquisa do Bahia Notícias/Instituto Séculus“, sobre levantamento realizado para a cidade de Juazeiro.
O magistrado em sua decisão citou “defeitos insanáveis no seu registro”, demonstrando que “há uma grave falha na pesquisa impugnada”, tendo em vista que a empresa ignora diversos fatores e conclui: “A empresa simplesmente ignorou informações”. A decisão do Juiz é sintética e definitiva: “A divulgação de pesquisas eleitorais deve ser feita de forma responsável devido à repercussão que causa no pleito” e conclui: “que os representados Séculus Consultoria e Assessoria Ltda Me e Bahia Notícias se abstenham de publicação e divulgar a pesquisa registrada sob nº BA-04154/2020 para o município de Casa Nova – BA, desde a presente data até o julgamento final da representação, sob pena de multa diária no valor de R$10.000,00”.
As pesquisas eleitorais desempenham um papel crucial em informar e orientar o eleitorado, permitindo uma compreensão mais clara do cenário político e auxiliando os candidatos a ajustarem suas estratégias de campanha. No entanto, é fundamental que os institutos de pesquisa ajam com transparência, imparcialidade e precisão, respeitando padrões éticos para garantir a integridade do processo democrático e a confiabilidade dos resultados apresentados.
Conforme noticiou Bahia Notícias, o levantamento foi realizado entre os dias 15 e 17 de abril de 2024, foram ouvidos 800 eleitores e possui uma margem de erro de 3,5% para mais ou para menos, com um intervalo de confiança de 95%. Segundo ainda, a pesquisa está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BA-08779/2024. A pesquisa foi para e encomendada pelo Bahia Notícias e custou R$ 10.000,00, conforme consta em nota fiscal a qual teve acesso o Caso de Política.
Caso de Política | A informação passa por aqui
Descubra mais sobre Caso de Política
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.