Surtos de dengue têm ligação com aumento de temperatura de oceano; entenda

Um recente estudo publicado na revista Science destaca uma preocupante correlação entre o aumento da temperatura do oceano Índico e o aumento de surtos de dengue em diferentes partes do mundo. Os pesquisadores analisaram dados de casos de dengue e registros de temperatura oceânica ao longo de três décadas, identificando uma associação direta entre o aquecimento das águas e o aumento da incidência da doença.

A pesquisa, liderada por Huaiyu Tian, do Centro para Mudança Global e Saúde Pública da Universidade Normal de Pequim, ressalta a importância de compreender como as mudanças climáticas podem influenciar a propagação de doenças transmitidas por vetores, como a dengue. Tian observa que, dada a falta de vacinas amplamente eficazes e tratamentos específicos para a dengue, a modelagem e a pesquisa de previsão desempenham um papel crucial no combate à doença.

Os dados analisados abrangem casos anuais de dengue em 46 países do Sudeste Asiático e do continente americano, bem como informações mensais de incidência da doença em 24 países, incluindo o Brasil, entre 2014 e 2019. Os resultados revelam que o aumento das temperaturas oceânicas está correlacionado com um aumento nos casos de dengue, com destaque para o Índice do Aumento da Temperatura do Oceano Índico (IOBW), que mostrou uma influência significativa nos surtos.

Ao contrário de estudos anteriores que se concentraram principalmente nas temperaturas locais, esta pesquisa adotou uma abordagem mais ampla, considerando as mudanças climáticas globais e seu impacto nas temperaturas locais em várias regiões do mundo. Isso é fundamental para entender melhor os padrões de propagação da dengue e desenvolver estratégias eficazes de prevenção e resposta a surtos.

A análise ressalta que o aquecimento do oceano Índico tem um impacto global nas dinâmicas climáticas locais, criando condições favoráveis para a reprodução e propagação dos mosquitos transmissores da dengue. Essa descoberta é particularmente relevante para regiões tropicais, como o Brasil, onde a dengue é endêmica e onde a incidência da doença pode aumentar significativamente em resposta ao aquecimento das águas.

Embora os resultados do estudo forneçam insights valiosos, os pesquisadores destacam a necessidade de validar essas conclusões e considerar outros fatores, como medidas de controle de vetores e vacinação em massa, para aprimorar a capacidade preditiva do modelo e garantir uma resposta eficaz a futuros surtos de dengue.

DCM


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