
Cid Souza Batista, do Instituto Kirius, responsável pela arbitragem em dezenas de eventos esportivos para crianças e adolescentes, fez declarações preconceituosas e demonstrou desconhecimento sobre a importância e o financiamento da alimentação escolar. Contrato da empresa, que ultrapassa R$ 130 mil, foi recentemente aditivado
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – O empresário Cid Souza Batista, proprietário do Instituto Kirius, tornou-se o epicentro de uma grave polêmica nesta terça-feira (27) após a divulgação de áudios em um grupo de WhatsApp. Nas mensagens, enviadas ao final da manhã, Batista profere declarações que escandalizaram os integrantes, gerando profunda indignação e repugnância, especialmente por sua referência a “crianças passa fome” e seu desdém pela merenda escolar – um direito fundamental para o desenvolvimento e aprendizado, cujo fornecimento de qualidade é amparado por robustos recursos federais, fato aparentemente ignorado pelo empresário.
A empresa de Cid Batista, o Instituto Kirius, é detentora do Contrato Nº 233/2023, no valor original de R$ 137.211,60 e recentemente aditivado até 04 de julho de 2025. O objeto do contrato é a “prestação de serviços de arbitragem de jogos esportivos” para a Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer.
A lista de modalidades é extensa e abrange majoritariamente eventos voltados para o público infanto-juvenil, como: Fut7 Santa Luzia, Campeonato de Bairro de Futebol, Campeonatos Barreirenses de Futsal Base (Masculino e Feminino), Voleibol Base (Masc. e Fem.), Basquete Base (Masc. e Fem.), Handebol Base (Masc. e Fem.), além de torneios de Vôlei de Areia, FUT Vôlei, FUT Mesa, Xadrez/Dama/Dominó, Triathlon, Tênis de Mesa, Corridas de Rua, Ciclismo, eventos no Parque Esportivo, Copa de Jiu-jitsu, Taças Barreiras de Fut 7, Campeonatos Rurais de Futebol, Copa Oeste de Seleções, e torneios específicos como Mucambo, São Jose do CTI, Barrocão de Cima, Torneio Nanica – Dia Internacional da Mulher, Copa de Motocross e Torneio da Serra Talhada.
A ironia cruel reside no fato de que muitas dessas atividades são frequentadas por crianças e adolescentes de diversas realidades socioeconômicas, incluindo aquelas em situação de vulnerabilidade que Batista parece desprezar em suas falas. Além do preconceito explícito, as declarações do empresário sobre a merenda escolar revelam um profundo desconhecimento sobre a importância nutricional da alimentação fornecida nas escolas, essencial para o desenvolvimento físico, cognitivo e para a própria capacidade de aprendizagem dos estudantes.
Contrariando a visão simplista e depreciativa de Batista, existem programas federais, como o PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar), que destinam recursos significativos para garantir uma merenda saudável e de qualidade, reconhecendo o alimento como um pilar da educação.
As declarações levantam sérias questões éticas sobre a conduta de um indivíduo cuja empresa se beneficia de recursos públicos para atuar diretamente com um público sensível. Este episódio se soma a outros em que figuras ligadas à atual gestão municipal de Barreiras se envolveram em controvérsias, acendendo um alerta sobre a responsabilidade e o exemplo esperado de quem presta serviços ao município.
O teor chocante dos áudios: desrespeito, preconceito e ignorância
As mensagens de Cid Souza Batista, cuja íntegra causou revolta, revelam uma visão profundamente problemática, insensível e desinformada sobre disciplina escolar, as condições de vida de famílias de baixa renda e a merenda oferecida nas escolas públicas.
No primeiro áudio, ao criticar a postura de pais e alunos, Batista afirma:
“Agora um bando de pai que não tem filho, bota filho no mundo e solta no mundo e acha que a obrigação é do Estado, da escola, educar o filho dele… Fosse o filho meu, arrancava os braços. Nunca mais levantar a mão com um professor para ninguém mais velho que ele.”
A segunda mensagem intensifica o tom pejorativo e preconceituoso, direcionado explicitamente a estudantes e suas famílias, chamando-os de “passa fome miserável”:
“Vai saber aqui pegar uma sessão, uma sessão, entendeu? De filmes da África. Para esses passa fome miserável, metida rico que quer comer o que não pode… Pegar esses passa fome aí que não tem nem o que comer dentro de casa que é escolher o que vai comer na escola… Essa é a geração de pobre hoje em dia… que a geração de agora que é iPhone, o pai da casa tá caindo em cima da cabeça um iPhone, iPhone 16 já. E o povo acha normal isso.”
Ele ainda generaliza que muitos alunos vão à escola “para namorar, para passear que acha que escola é excursão turística.”
No terceiro áudio, o empresário ridiculariza as expectativas sobre a merenda escolar, demonstrando ignorância sobre a busca por uma alimentação saudável:
“Eles quer que serve, sabe o quê? Pizza na escola, só pode. Pizza, salgado, eh pastel. Daqui a pouco vai querer também sushi, sashimi… pãozinho eh torrada com geleia com geleia aquelas geleia cara lá que só rico come.”
O quarto e último áudio é particularmente cruel ao reforçar a imagem de “crianças passa fome” e criticar suas supostas exigências, ignorando a importância nutricional da merenda:
“Na minha época comia bolacha na escola com suco que aquele suco, não é nem tang, aquele puma mancha pulmão, a gente não reclamava. É um menino cheio de mimimi, passa fome em casa um miserável e fica reclamando da merenda da escola ainda. Ah, é um bocado de passa fome, rapaz… A gente comia aquele aquele arroz, cola, né… agora essa frescura, tem uma frescura arretada, rapaz. Quer comer bem, come em casa. Um bocado de passa fome, não tem o que comer em casa, ainda quer botar a banca de estar comendo na escola.”
As declarações de Cid Souza Batista, carregadas de um desdém chocante e de um desconhecimento preocupante sobre políticas públicas essenciais, especialmente ao se referir a “crianças passa fome” e à qualidade da alimentação escolar, levantam um questionamento incontornável sobre sua capacidade e adequação para continuar prestando serviços à Prefeitura de Barreiras.
A comunidade aguarda um posicionamento da administração municipal frente a tamanha insensibilidade e desinformação vinda de um contratado cujos serviços deveriam promover o bem-estar e o respeito, especialmente entre crianças e adolescentes.
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