Durante sessão na Câmara de Barreiras, vereadora também demonstrou perplexidade com a censura às redes sociais e exaltou o simbolismo da romaria ao Senhor dos Aflitos, tradição que cumpre há 19 anos
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – A vereadora Dicíola Baqueiro (PSD) utilizou seu pronunciamento na sessão desta terça-feira (1º), na Câmara de Barreiras, para cobrar medidas imediatas da prefeitura quanto à reforma dos cemitérios públicos da cidade e se somou às críticas feitas por colegas sobre a alimentação oferecida aos policiais militares durante os festejos juninos.
Embora tenha começado sua fala com saudações protocolares e menção a indicações já apresentadas – como a reabertura da Escola Dr. Antonino Sampaio e da Escola de Teatro –, foi o tema dos cemitérios que ocupou o centro de sua fala. Segundo ela, o Projeto de Lei nº 229/2025, protocolado em 6 de junho, trata especificamente da regulamentação dos serviços funerários e sepulcrais do município e foi apresentado com apoio direto do prefeito Antônio Henrique Filho.
“Os cemitérios são registros históricos de uma sociedade. São lugares de memória que materializam a finitude da vida. Para várias religiões, são locais sagrados, que devem ser respeitados”, afirmou.
A vereadora relatou que desde a infância testemunha a precariedade da estrutura dos cemitérios, como a necessidade de andar sobre sepulturas inacabadas por falta de calçamento ou vigilância adequada. A proposta legislativa visa consolidar promessas do plano de governo do Executivo e organizar o setor.
Ao ecoar o discurso da vereadora Delmah Pedra, que também abordou a situação dos cemitérios, Dicíola destacou o papel da religiosidade e da memória coletiva, defendendo que esses espaços sejam tratados com dignidade.
“Memento mori”, lembrou em latim, “somos mortais. Por isso, temos o dever de respeitar essa morada certa que virá para todos nós.”
Crítica à alimentação oferecida a policiais
Sem deixar de lado o foco da sessão, a vereadora também se manifestou, ainda que de forma mais breve, sobre o tratamento dado aos profissionais de segurança pública que atuaram nos festejos do São João.
A crítica se somou a de outros parlamentares que expressaram indignação com o lanche distribuído aos policiais durante os eventos, que incluía itens considerados insuficientes e inadequados para as longas jornadas de trabalho. Dicíola não detalhou o conteúdo, mas endossou a demanda por melhores condições para os agentes.
Censura nas redes sociais: “abominável”
Num segundo momento, a parlamentar ampliou o escopo de sua fala e demonstrou perplexidade com propostas de regulação mais rígida das redes sociais no país. Em sua avaliação, alguns setores estariam promovendo uma “mordaça ideológica” sob o pretexto de combater crimes virtuais.
“Censurar as redes sociais é acima de tudo uma forma ditatorial, retrógrada de calar quem quer levantar a voz”, afirmou, dirigindo sua crítica especialmente a setores da esquerda e partidos progressistas.
Dicíola citou o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709/2018), argumentando que o país já dispõe de mecanismos legais para combater abusos sem que isso implique em restrição à liberdade de expressão.
“Se as leis não funcionam, busquemos meios eficazes para executá-las. Mas tolher ideias não é saudável para a democracia.”
Fé e romaria ao Senhor dos Aflitos
A vereadora encerrou sua fala com um convite à tradicional romaria ao Senhor dos Aflitos, realizada na madrugada do 2 de Julho. Dicíola revelou participar da caminhada há 19 anos consecutivos, considerando o ato uma expressão de fé e resistência espiritual.
“Quem tem fé vai a pé. Caminharei orando por todos nós e por este país”, concluiu.
A fala da vereadora foi marcada por equilíbrio entre críticas administrativas, defesa de valores religiosos e preocupação com a liberdade política e civil, consolidando-se como um dos discursos mais simbólicos da noite.
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