
Lula se reuniu com presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia – Ricardo Stuckert/PR
Diplomatas brasileiros destacam “identificação” entre os líderes e avaliam que sanções americanas contra o Brasil foram um “erro estratégico” que fortaleceu a imagem do presidente Lula
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Um encontro “surpreendentemente bom” e “positivo” marcou a reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, realizada na Malásia. Segundo diplomatas brasileiros ouvidos pela coluna de Lauro Jardim no jornal O Globo, o diálogo cordial e produtivo demonstrou uma “aproximação” entre os líderes, impulsionada por uma aparente “identificação” de Trump com a trajetória de Lula.
Durante a conversa, Trump demonstrou interesse na ascensão de Lula, questionando sobre seu tempo na prisão e sua jornada de líder sindical a presidente. Um diplomata experiente observou que o republicano “se identificou” com a história do petista, vendo paralelos entre suas trajetórias e considerando Lula um “vencedor“, o que é um “fator de aproximação” na visão de Trump.
A percepção entre os diplomatas é que Trump reconheceu o “erro estratégico” das sanções econômicas impostas ao Brasil, que, paradoxalmente, fortaleceram a imagem de Lula.
“Os americanos, pressionados pela indústria e pragmáticos, precisaram recalcular a rota e tendem a afrouxar as medidas impostas”, avaliou um interlocutor.
Apesar do clima amistoso, diplomatas alertam para a volatilidade do comportamento de Trump. Um embaixador brasileiro ponderou que, embora Trump tenha demonstrado simpatia e interesse em negociações, “ele muda muito de opinião”, levantando dúvidas sobre futuras relações comerciais. A avaliação no Itamaraty é que Trump busca um equilíbrio pragmático com sua base eleitoral.
Em coletiva de imprensa, Lula confirmou que a reunião superou as expectativas, descrevendo-a como “surpreendentemente boa”. Ele expressou otimismo quanto ao futuro das relações bilaterais, afirmando que o clima entre os países “não vai gerar problemas” e que há disposição para avançar em um acordo comercial. Lula também criticou diretamente as tarifas impostas por Washington, que aumentaram em 50% os impostos sobre produtos brasileiros.
“O que não pode é acontecer o que aconteceu com o Brasil, com base em informações equivocadas, tomar uma decisão de taxar o Brasil em 50%”, declarou.
O presidente brasileiro prometeu manter contato direto com Trump, afirmando que “se depender do desenrolar da situação, já vou importunar [Trump] com um telefonema direto”.
Trump, em coletiva a bordo do Air Force One, desejou “feliz aniversário” a Lula, que completou 80 anos, elogiando sua vitalidade. Ele qualificou o encontro como “excelente” e manifestou a expectativa de um acordo para encerrar as tarifas de importação.
Em outra frente, Lula comentou sobre o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, afirmando que explicou a Trump que o processo foi conduzido com rigor. Ele ressaltou que o ex-presidente “faz parte do passado da política brasileira” e que seu tom nas conversas com Trump é estritamente político, focado nos interesses do Brasil. O presidente brasileiro também convidou Trump a manter o diálogo em fóruns internacionais, como a COP30.
Lula expressou confiança em uma solução rápida para o impasse comercial, prevendo que a suspensão das tarifas deve ocorrer em “poucos dias”. Ele destacou sua experiência em negociações, afirmando: “Sei a hora de ceder e de não ceder”. Lula ressaltou que não há temas vetados nas discussões e que o Brasil busca um acordo “puramente comercial”. Ele entregou a Trump um documento mostrando o superávit comercial do Brasil com os EUA nos últimos 15 anos, argumentando contra a justificativa americana para o tarifário.
O presidente reiterou o compromisso do Brasil com uma política externa “ativa e altiva”, baseada na diversificação de parcerias e no livre comércio, declarando: “O nosso negócio é fazer negócio”. Lula também afirmou que o país não aceita “uma nova Guerra Fria” e que manterá diálogo com todos os parceiros estratégicos. O Brasil se colocou à disposição para mediar tensões entre EUA e Venezuela, defendendo a América do Sul como uma “zona de paz”.
A agenda de Lula no Sudeste Asiático incluiu a assinatura de 15 acordos e memorandos de cooperação, além da reafirmação do apoio brasileiro à candidatura da Malásia aos Brics. Ele descreveu a viagem, acompanhada por mais de cem empresários brasileiros, como “extraordinariamente produtiva”. Ao completar 80 anos, Lula expressou sua vitalidade e vontade de continuar governando, concluindo:
“Gostemos ou não gostemos um do outro, temos que assumir nossas responsabilidades com a nação que nos elegeu.”
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