
Ferramenta gratuita é voltada a municípios do semiárido e ajuda a reduzir erros técnicos na escolha de áreas para armazenamento de água no subsolo
Caso de Política | Luís Carlos Nunes – Agricultores familiares, técnicos e profissionais rurais que atuam em municípios do Oeste da Bahia inseridos no semiárido passaram a contar com uma nova ferramenta para enfrentar a escassez hídrica. O aplicativo GuardeÁgua, desenvolvido pela Embrapa Solos em parceria com a Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), orienta a escolha de áreas adequadas para a construção de barragens subterrâneas, tecnologia social já consolidada em regiões de estiagens prolongadas.
Na Bahia, o recurso é especialmente relevante para municípios do Oeste que integram oficialmente o semiárido, como Angical, Baianópolis, Barreiras, Brejolândia, Canápolis, Catolândia, Cotegipe, Cristópolis, Mansidão, Santa Rita de Cássia, São Desidério, Wanderley e Riachão das Neves, áreas que enfrentam irregularidade de chuvas, longos períodos de seca e forte dependência da agricultura de base familiar.
Disponível gratuitamente para celulares com sistema Android e também em versão web, o GuardeÁgua ainda está em fase beta. O objetivo é tornar mais precisa a decisão sobre a viabilidade da barragem subterrânea, evitando erros comuns na escolha do local — fator decisivo para o sucesso da tecnologia.
Segundo a Embrapa, embora amplamente difundida no semiárido, a barragem subterrânea não pode ser implantada em qualquer terreno. O aplicativo cruza informações técnicas sobre solo, relevo, clima, geologia e vegetação, oferecendo uma avaliação clara sobre a aptidão da área analisada.
Após o preenchimento dos dados, o sistema classifica o local em três categorias: Apto, quando o terreno é adequado; Restrito, quando há viabilidade com limitações técnicas; ou Inapto, quando a área não é recomendada para a tecnologia. O resultado pode ser visualizado na tela ou baixado em relatório PDF, acompanhado da justificativa técnica.
Pensado para uso direto no campo, o GuardeÁgua funciona sem necessidade de internet, o que garante autonomia em comunidades rurais do Oeste baiano onde o acesso à conexão ainda é limitado. Quando a conexão é restabelecida, os dados coletados são automaticamente sincronizados com a plataforma.
Além da análise de viabilidade, o aplicativo fornece orientações básicas de manejo do solo e da água, indicando práticas conservacionistas e sugestões de irrigação nos casos classificados como “Apto” ou “Restrito”. A ferramenta também recomenda culturas agrícolas adequadas à área analisada e integra dados do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc), apontando os períodos mais seguros de plantio por município.
De acordo com a Embrapa Solos, estão previstas capacitações presenciais nos 11 estados do semiárido brasileiro ao longo do primeiro semestre de 2026, incluindo a Bahia. A ação será coordenada pela Embrapa e pela ASA, com apoio financeiro do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS).
O lançamento oficial do aplicativo ocorreu no último dia 10, em Santana do Ipanema (AL), e reuniu representantes de órgãos públicos, instituições técnicas e agricultores familiares. O evento também prestou homenagem ao pesquisador Luís de França da Silva Neto, da Embrapa Solos, responsável por liderar o desenvolvimento do GuardeÁgua e falecido em outubro de 2024, aos 44 anos.
Reconhecido nacionalmente por sua atuação em projetos voltados à agricultura familiar e ao manejo sustentável dos solos, Luís de França deixou contribuições relevantes para o avanço das tecnologias hídricas no semiárido — legado que agora passa a beneficiar também os agricultores do Oeste da Bahia.
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